Os quadros que Jacques Chopin incluiu em “Transição” – uma exposição que é promovida pela Câmara Municipal da Praia, através do Pelouro do Turismo -, têm um elemento em comum: um “mar” de preto e branco, contrastando com um “ilhéu” de cor. “Esse pedacinho de cor é o que irá sobreviver, enquanto o resto é o que está a desaparecer”, declara Jacques Chopin, que escolheu a técnica de tinta com pincel sobre cartolina para dar um “aspeto velho” às telas.
É que daqui a 20 anos, diz o artista plástico, “talvez a maneira de viver no interior da ilha de Santiago não vai ser igual a agora” e o processo de mudança já está em curso. “As casas antigas estão a ser abandonadas, a maneira de investir já não é a mesma, e até os nomes das pessoas são outros, quase já não há Pedros, Antónios”. “Transição”, que também está aberta ao público neste sábado, 7, e domingo, 8, é, por isso, uma tentativa de congelar” aspetos identitários cabo-verdianos típicos.
Jacques Chopin diz não ser contra o progresso – “é bom que todos tenham a internet e a melhores casas, por exemplo -, mas “significa também, infelizmente, perder um pouquinho da alma”. “Há uma transformação a nível da paisagem, mas também da cultura. Mesmo sendo a identidade cabo-verdiana muito forte, ela está a diluir-se. Isso me deixa triste”, declara Chopin, que já viveu em Cabo Verde por mais de 17 anos.
Foi em Cabo Verde que Jacques Chopin diz ter descoberto a sua paixão pela pintura. É visto como promotor de Cabo Verde além-fronteiras, não só na França como também noutras latitudes do globo, tendo inclusive participado em várias exposições individuais e coletivas com artistas de renome cabo-verdianos, nomeadamente Tutu Sousa. Movido por essa mesma paixão, está de regresso a Cabo Verde, onde pretende continuar os seus projetos artísticos e culturais.
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