Sábado, 19 Abril 2025

Em Foco

Assistente de Família: cuidar como carreira e fonte de renda

Há uma nova profissão que está a surgir em Cabo Verde: assistente de família. Já há 25 mulheres prontas a agarrar esta oportunidade de carreira, depois de receberem formação nesta área, promovida pela Fundação Dretu, em parceria com a Liga Nazarena de Solidariedade (LNS) e a Associação de Empregadas Domésticas de Cabo Verde. Na próxima segunda-feira, 24, outras mulheres vão agarrar a mesma oportunidade, iniciando uma formação idêntica. 

Além de preencher uma lacuna que há muito se faz sentir na sociedade cabo-verdiana, ser assistente de família pode se tornar uma fonte de renda para várias famílias. Ciente desta possibilidade, a Fundação Dretu, juntou-se mais uma vez à LNS  e à Associação de Empregadas Domésticas de Cabo Verde para dar a 30  mulheres da cidade da Praia três meses de formação em áreas como gestão de negócios, cuidados com crianças e idosos, direitos laborais e competências pessoais para capacitá-las para prestar apoio e assistência a famílias em diversas áreas, promovendo o bem-estar e o bom funcionamento do ambiente familiar, podendo ser contratadas de forma privada pelas famílias ou atuar em projetos sociais e programas de apoio a famílias em situação de vulnerabilidade.

O papel do (a) assistente de família pode, entretanto, variar conforme o contexto e as necessidades da família. Suas funções geralmente incluem apoio a crianças e adolescentes (acompanhamento no estudo e nas atividades extracurriculares, supervisão durante o tempo livre e apoio emocional e educacional), idosos ou pessoas com necessidades especiais (ajuda nas tarefas diárias, como higiene pessoal, alimentação e mobilidade e companhia para garantir a segurança).

O (a) assistente de família também pode ser contratado para fazer cooperar na gestão doméstica (auxiliar nas tarefas domésticas, como limpeza, organização e preparo de refeições e coordenar atividades da casa e ajudar na administração das finanças familiares). É igualmente chamado a fazer mediação familiar (auxiliar na resolução de conflitos e na comunicação entre os membros da família e promover um ambiente familiar harmonioso) e prestar apoio emocional e social (ouvir e apoiar os membros da família em momentos de crise ou dificuldade ou orientar sobre acesso a serviços sociais, educacionais ou de saúde).

Combater a pobreza e promover a autonomia feminina

A Fundação Dretu alega que promove estas formações para ir ao encontro do que diz o artigo 12º, nº 2, da Constituição de Cabo Verde, que estabelece o dever de trabalhar para sustento próprio e familiar, criação de riqueza, desenvolvimento económico e promoção do bem-estar coletivo. A formação teve três vertentes: ser (desenvolvimento de empatia), fazer (desempenho profissional competente) e ter (obtenção de recursos por trabalho doméstico remunerado de forma justa e legal).

Simultaneamente, estará a ajudar a colmatar a falta de formação profissional para trabalhadores domésticos no país, capacitando mulheres com competências para ingressar no mercado de trabalho ou empreender e gerir pequenos negócios a partir de casa. Assim, já foram beneficiadas nas edições anteriores da formação (esta é a terceira) mulheres dos bairros de Achada Mato, Ponta D’Água, Safende, Achada Limpo, Vila Nova, Eugénio Lima e Pensamento que, estavam, na sua maioria em situação de desemprego.

Ao capacitá-las para prestar serviços como assistentes de família ou iniciar microempresas, a Fundação Dretu  está ainda a contribuir para o sustento das suas famílias e para o fortalecimento da inclusão social. A presidente da Fundação Dretu e primeira-dama, Débora Katísa Carvalho, destaca a importância de iniciativas como esta para combater a pobreza e promover a autonomia feminina. “A cara da pobreza em Cabo Verde tem uma cara feminina, infelizmente. Estamos a trabalhar para capacitar estas mulheres, tirá-las do desemprego e proporcionar formação tanto pessoal quanto profissional”, afirma Débora Katisa Carvalho.

“Este certificado é mais do que um documento. É um passaporte para novas oportunidades e uma vida mais digna para mim e para os meus filhos”, afirma uma das mulheres que, no ano passado, entre os meses de setembro e dezembro, formou-se como assistente de família. 

Tags

Partilhar esta notícia