O Museu do Campo de Concentração do Tarrafal consolidou-se como o principal destino museológico de Cabo Verde, ao registar 9.102 visitantes no primeiro semestre de 2025. Este número representa cerca de 39% das 23.255 visitas totais aos museus nacionais no período, confirmando a liderança absoluta deste espaço histórico e o crescente interesse internacional pela preservação da memória da resistência anticolonial.
Segundo dados divulgados pelo Instituto do Património Cultural (IPC), tutelado pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, o antigo campo de concentração colonial supera largamente os restantes espaços museológicos do país. O Museu do Mar surge em segundo lugar, com 3.582 visitantes, seguido pelo Núcleo Museológico Cesária Évora (2.981) e pelo Museu Etnográfico da Praia (2.765).
A diferença torna-se ainda mais significativa quando comparada com o novo destaque do semestre: o Farol D. Maria Pia, que, após a reabilitação, conseguiu atrair 1.636 visitantes em apenas três meses de funcionamento, confirmando o potencial do Tarrafal como região de forte atratividade cultural e turística.
A análise dos 23.255 visitantes registados nos museus cabo-verdianos revela que 70% são estrangeiros e 30% nacionais — uma tendência ainda mais acentuada no Museu do Campo de Concentração. O interesse internacional pela história dos movimentos de libertação africanos e pela preservação da memória dos direitos humanos tem sido um motor fundamental desta procura.
Os meses de maior afluência coincidiram com os períodos turísticos mais intensos: abril registou 4.916 visitantes, março 4.547 e fevereiro 3.790, evidenciando a forte correlação entre turismo e dinâmica cultural.
Localizado na ilha de Santiago, o museu ocupa as antigas instalações do campo de concentração criado pelo Estado Novo português em 1936, conhecido como o “campo da morte lenta”. O espaço, que funcionou até 1974, albergou presos políticos de várias nacionalidades, incluindo futuros líderes dos movimentos de independência africanos.
Esta dimensão histórica singular explica a capacidade do museu para captar quase 40% de todos os visitantes museológicos do país, posicionando-se como referência obrigatória para quem procura compreender a história contemporânea de Cabo Verde e dos movimentos de libertação africanos.
A caracterização dos visitantes dos museus nacionais — 42% mulheres, 37% homens, 17% estudantes e 4% crianças — reflete-se também no Tarrafal, que atrai um público heterogéneo interessado na componente histórica e educativa. Particularmente relevante é o facto de 73% das entradas corresponderem a bilhetes pagos, o que garante sustentabilidade financeira ao setor. O Museu do Campo de Concentração, enquanto líder absoluto, contribui de forma significativa para esta receita.
A articulação com os setores do turismo e da educação tem igualmente contribuído para consolidar o museu como espaço multifuncional, que combina preservação patrimonial, investigação científica e valorização identitária. Com os museus da Tabanca e Norberto Tavares encerrados no primeiro semestre — este último em obras, com reabertura prevista ainda em 2025 — o Museu do Campo de Concentração do Tarrafal deverá manter a sua posição de liderança.
Os números robustos do primeiro semestre, que representam quase 40% do total de visitas aos museus cabo-verdianos, posicionam este espaço para um ano histórico, reafirmando o seu papel fundamental na preservação da memória e na promoção dos valores democráticos que definem a identidade nacional.
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