Um número, um nome, uma frase

O desempenho económico foi impulsionado, sobretudo, pelo dinamismo do consumo privado, favorecido pela redução da inflação, pelo aumento das prestações sociais e outras transferências correntes líquidas, pela melhoria da confiança dos consumidores e pelo reforço da procura externa turística.

Do lado da oferta, destacaram-se os setores de alojamento e restauração, transportes e armazenagem, assim como o aumento dos impostos líquidos de subsídios arrecadados.

A inflação mais baixa foi explicada, principalmente, pela descida dos preços internacionais dos produtos energéticos e alimentares, o que reduziu a pressão sobre o custo de vida e preservou o poder de compra das famílias cabo-verdianas.

No plano externo, o país registou um excedente na balança corrente equivalente a 3,8% do PIB, resultado das exportações de serviços de turismo, das remessas de emigrantes e da reexportação de combustíveis, compensando o desempenho menos favorável da balança financeira. As reservas externas líquidas aumentaram, garantindo uma cobertura confortável de 6,5 meses de importações.

Apesar do cenário positivo, o BCV aponta para desafios persistentes. O défice global das contas públicas agravou-se para 1,1% do PIB em 2024, devido ao aumento da despesa e ao abrandamento das receitas, e a dívida pública, embora em trajetória descendente, mantém-se elevada, situando-se nos 114,9% do PIB.

A política monetária manteve-se restritiva, com aumento das taxas de juro de referência, medida destinada a conter riscos de saída de capitais e a assegurar a estabilidade do regime cambial fixo ao euro. Ainda assim, o mercado de crédito manteve-se dinâmico, com o crédito ao setor privado a crescer 6,7% no ano passado.

O relatório destaca ainda que, apesar do contributo positivo do crescimento do emprego e da produtividade total dos fatores, o baixo nível médio desta produtividade continua a limitar o potencial de crescimento a longo prazo da economia cabo-verdiana.

O BCV enquadra estes resultados num contexto externo globalmente favorável em 2024, com crescimento económico mundial estável e recuperação moderada da atividade nos principais parceiros, sobretudo na Área do Euro e no Reino Unido.

 A inflação internacional mais baixa, aliada à manutenção de salários nominais elevados, sustentou os rendimentos reais e a robustez do mercado de trabalho, apesar das condições de financiamento se manterem exigentes.

Fonte: Banco de Cabo Verde