Segunda-feira, 20 Outubro 2025

Freskinhe Freskinhe

Mundial 2026: “We did it”, gritaram os cabo-verdianos nos EUA após a qualificação

Com Álvaro Ludgero Andrade, em Washington DC

O apuramento da seleção de Cabo Verde para o Mundial de Futebol 2026 provocou uma explosão de alegria e orgulho na comunidade emigrada nos Estados Unidos da América. Em restaurantes, bares, casas e até em determinados locais de trabalho, neste dia 13 de outubro, por sinal feriado federal no país, a expectativa deu lugar à apreensão nos primeiros 45 minutos, mas, depois, com muito barulho ante ecrãs gigantes, os crioulos na “11ª ilha” deram asas a uma alegria que fez saltar o orgulho cabo-verdiano.

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“Não conseguia dormir ontem, estava muito nervoso, como se fosse jogar”, conta Djoi de Mamá, jogador que integrou a primeira seleção de Cabo Verde a ganhar um troféu, a Taça Primeiro de Maio, a 4 de maio de 1978, ante um Misto de Bissau, por 4-2. “Liguei para o Raulinho (outro antigo internacional cabo-verdiano) que me disse `vamos ganhar tranquilamente´”, completa aquele antigo atleta radicado em Massachussets.

Djoi de Mamá era a alegria e o orgulho em pessoa, “contente e muito orgulhoso por ver Cabo Verde num Mundial, o que nunca imaginamos quando começámos a jogar pela seleção”. Este passo “significa muito para o nosso futebol e para o país que passa a ter outra visibilidade”, conclui aquele antigo internacional cabo-verdiano numa conversa ao telefone.

Na cidade de New Bedford, Valódia, outro internacional cabo-verdiano, era o espelho da alegria total. Marcador de quatro golos em sete jogos da seleção nacional, de 1994 a 1996, o antigo letal ponta-de-lança afirma ser “hora de felicitar os jogadores e a equipa técnica que merecem essa classificação, é fruto do trabalho deles”.

Aquele antigo jogador do Boavista da Praia lembra os tempos em que jogou na equipa nacional, precedido de “outros que fizeram muito pelo futebol cabo-verdiano”, mas sublinhou que agora é “tempo de reconhecer o trabalho da equipa técnica e dos jogadores de hoje”. Para ele será um enorme orgulho ver os Tubarões Azuis no Mundial de 2026, que se realiza nos Estados Unidos, México e Canadá.

Na cidade de Pawtucket, no estado de Rhode Island, o Dante Club foi pequeno para acolher mais de uma centena de cabo-verdianos que, enquanto saboreavam um arroz de atum e uma feijoada, acompanhavam o jogo entre Cabo Verde e Esswatini, que os Tubarões Azuis ganharam por 3-0. A confiança inicial deu lugar a algum nervosismo no intervalo do jogo, mas com os golos a emoção não pôde ser contida. Ao mesmo tempo, muitos imigrantes, em diferentes cidades, celebraram a maior conquista do futebol cabo-verdiano.

Juju Brito, uma conhecida ativista de causas sociais radicada em Rhode Island, não contém a emoção ao falar comigo em videoconferência. “Estamos muito felizes, que grande dia, não há palavras para descrever esta alegria” disse Juju, enquanto fazia desfilar dezenas de rostos felizes e muitas gargantas roucas. “Hoje é um dia memorável, aqui vamos celebrar sem parar”, acrescenta Ligia Reis, que também não se continha de tanta emoção.

Imprensa americana segue a “novidade”

O jornalista Pedro Chantre, que produz e apresenta um dos mais escutados programas na internet da comunidade em Nova Inglaterra (Frequência da Tarde) classifica de “soberba” a qualificação de Cabo Verde para o Mundial, uma notícia que está a merecer destaque na imprensa americana, especialmente naquela região, onde radica a grande maioria dos cabo-verdianos. “No jogo contra a Líbia, a Fox, o Canal 12, esteve aqui a acompanhar a comunidade e hoje veio uma equipa da Univision”, aponta Chantre, que antevê uma enorme manifestação cultural e desportiva de Cabo Verde durante o Mundial.

Até lá, assinala aquele jornalista, “muitas atividades deverão ser realizadas e esta é uma plataforma importante para Cabo Verde, que estará no maior evento mundial de 2026”. Refira-se que a vitória dos Tubarões Azuis foi notícia nos mais importantes canais de comunicação dos Estados Unidos, da CNN à CBS, da NBC à Reuters, do New York Times à Univision.

Muitos outros lugares, em maior ou menor escala, receberam grupos de cabo-verdianos desejosos de celebrarem o apuramento para o Mundial juntos porque, como destaca Tony Almeida, em Brockton, “juntos e unidos somos mais fortes”.

“We did it”, gritaram muitos nos restaurantes e em vários grupos de chats espalhados pelo país.

De 11 de junho a 19 de julho, 48 seleções nacionais participarão na maior prova de sempre do futebol mundial. O país com 4.033 km2 e 525 mil habitantes e milhares de emigrantes espalhados pelo mundo estarão representados pelos Tubarões Azuis, que conquistaram nesta segunda-feira o seu maior feito em 50 anos de independência nacional.

Fotografia: Juju Brito

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