
A escritora cabo-verdiana Vera Duarte estará em Salvador da Bahia, Brasil, de 1 a 10 de maio, para uma série de atividades literárias no âmbito do Dia da Língua Portuguesa e das Comunidades Lusófonas, onde abordará o percurso de Cabo Verde desde a independência até os dias atuais, destacando o papel fundamental da literatura na construção da identidade nacional e na luta pela emancipação do povo cabo-verdiano.
Entre os dias 3 e 5 de maio, Vera Duarte participará no festival Viva a Língua, que acontecerá no Gabinete Português de Leitura e no Espaço Cultural da Barroquinha, no centro histórico da capital baiana. No dia 4, a autora integra uma roda de conversa ao lado dos escritores Válter Hugo Mãe (Portugal) e Lívia Natália (Brasil), para uma reflexão conjunta sobre a diversidade literária do universo lusófono.
No dia 6 de maio, a escritora fará a conferência inaugural do II Encontro de Professores de Literaturas Africanas em Língua Portuguesa, promovido pela Cátedra Fidelino de Figueiredo da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). A conferência, intitulada “A literatura na libertação africana: o caso de Cabo Verde”, assinala o início do evento, que se prolonga até o dia 7 e visa aprofundar os debates sobre o ensino e valorização das literaturas africanas nos cursos de Letras.
Literatura como pilar da nação
Em entrevista ao Voz do Archipelago, a escritora enfatizou que “antes de Cabo Verde nascer como país, nasceu como nação cabo-verdiana pelas mãos dos escritores”, referindo-se especialmente ao impacto da revista Claridade e dos seus mentores Baltasar Lopes, Jorge Barbosa e Manuel Lopes, que deram voz à realidade insular e à cultura do arquipélago.
“A cultura, sobretudo a literatura, é fundamental para a formação de homens livres. Ser culto é a única forma de ser livre”, afirmou, citando o poeta cubano José Martí.
Questionada sobre a taxa de leitura em Cabo Verde ainda estar aquém do desejável, Vera Duarte, afirma que “a luta agora é fazer com que o povo cabo-verdiano leia mais e estão a ser realizadas iniciativas para este efeito “como concursos literários nas escolas e ações da Biblioteca Nacional são caminhos para cultivar o gosto pela leitura, especialmente entre os mais jovens”.
Vera Duarte defende ainda que investir na leitura é investir na cidadania: “a literatura é um meio de aprofundamento da cidadania, do sentimento de liberdade, de sentido crítico, e do despertar da consciência crítica.
Lançamento do romance “A Vénus Crioula”
Também em Salvador da Bahia, será lançada o mais recente romance de Vera Duarte, A Vénus Crioula, publicado pela Cátedra Fidelino de Figueiredo em parceria com a Pontes Editores. A obra, que tem recebido elogios da crítica, explora a identidade, a herança africana e a condição da mulher, num enredo profundamente ligado à história e cultura cabo-verdianas.
Durante a sua estadia na Bahia, Vera Duarte também se reunirá com membros da Academia de Escritores da Bahia, da Academia Gloriense de Letras e visitará a Universidade de Feira de Santana, a fim de fortalecer os laços entre escritores, académicos e instituições culturais de Cabo Verde e do Brasil.
Reconhecida como uma das vozes mais relevantes da literatura africana de língua portuguesa, Vera Duarte tem construído uma trajetória marcada pelo compromisso com os direitos humanos, a igualdade de género e a valorização da cultura africana.
Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados.