Sábado, 31 Maio 2025

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Unicef reforça equipamentos dos Bancos de Leite Humano

Os Bancos de Leite Humano de Cabo Verde ganharam esta semana novos equipamentos, avaliados em mais de 4 mil contos, fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

São vários os equipamentos doados pela Unicef, desde banho-maria de pasteurização, balança eletrônica, autoclave vertical, até acidímetros, termômetros, entre outros, que servirão para reforçar os dois Bancos de Leite Humano do país, um instalado no Hospital Agostinho Neto (Praia) e outro no Hospital Baptista de Sousa (Mindelo) e, assim, ajudar a melhorar o serviço prestado às mães e bebés.

David Matern, representante da organização na cidade da Praia, disse no ato de entrega oficial do conjunto de equipamentos, ocorrido na segunda-feira, na presença do Ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, que a doação não é só um contributo técnico, mas também um “compromisso firme” com a saúde e o direito à vida de todos os recém-nascidos.

Matern ainda felicitou os ganhos obtidos até agora pelo país, nomeadamente na promoção do aleitamento materno seguro, que resultaram em uma taxa de 71% de amamentação na primeira hora após o nascimento e 92% no primeiro dia. A UNICEF reiterou seu compromisso em continuar a apoiar Cabo Verde na promoção da saúde e da nutrição das crianças.

Para o Ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, a entrega desses equipamentos aos bancos de leite humano, além da capacitação técnica dos profissionais de saúde, inclui a sensibilização e comunicação previstas no âmbito do Plano de Trabalho Anual de 2025, assinado entre o Ministério da Saúde e o Escritório Conjunto das Nações Unidas em Cabo Verde, que também prevê a continuidade da implementação do Projeto para Expansão e Consolidação dos BLH em Cabo Verde, assinado entre o Brasil e Cabo Verde.

Esses esforços, diz o Governo, visam melhorar a prestação de cuidados de saúde materno-infantil, nomeadamente a coleta, o processamento e a distribuição de leite humano, contribuindo para fortalecer os BLH no processo de Certificação da Rede dos Bancos de Leite Humano da FioCruz (r-BLH – PCFio).

Banco de Leite Humano: 10 ml pode salvar uma vida

O Programa Nacional de Nutrição tem também “batalhado” para que, paralelamente às salas de amamentação, cada hospital ou centro tenha um Banco de Leite Humano (BLH). Atualmente, além de dois postos de colheita (um no Centro de Saúde da Fazenda, que após um período de encerramento devido à pandemia da covid 19, reabriu as portas, e outro no centro de saúde de Tira-Chapéu, que, em breve, voltará a funcionar), existem em Cabo Verde dois BLH. O primeiro foi instalado no Hospital Central Dr. Agostinho Neto, cidade da Praia, em agosto de 2011 (na altura, o primeiro em África), e o segundo inaugurado a 1 de setembro de 2022, no Hospital Central Dr. Baptista de Sousa, na cidade do Mindelo.

“Os principais beneficiários são os prematuros do serviço de neonatologia cujas mães por alguma razão não têm leite suficiente ou que precisam de um leite com maior aporte calórico para poder ganhar peso mais rapidamente, ou ainda prematuros cujo sistema gastrointestinal não está desenvolvido e corre risco de infeções graves que podem levar à morte”, explica Irina Spencer, coordenadora do Programa Nacional de Nutrição.

Setor privado já aderiu

No setor privado, a Enacol será a primeira empresa a criar uma estrutura do tipo, nas suas instalações na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente. “Estamos a sensibilizar todos a nível nacional, tanto no setor privado como no público para fazerem esforços para criar estas salas como forma de apoiar os pais que trabalham e que estão no processo da amamentação”, diz Irina Spencer, frisando que a montagem das mesmas “não é muito custosa” já que não precisam ser grandes, mas aconchegantes e tranquilos, com mobiliário simples (poltrona, mesa, cadeira) e eletrodomésticos básicos (frigorífico ou congelador) e com um ponto de água e um lavatório para que as mães possam fazer higienização das mãos.

Os empregadores também saem a ganhar com a criação de salas de amamentação. “As crianças que são amamentadas exclusivamente com leite materno até os seis meses têm menos probabilidades de adoecer, logo há menos possibilidade também de a mãe se ausentar do trabalho”, diz a coordenadora do Programa Nacional de Amamentação, que se elogia também o Executivo cabo-verdiano, que também já concordou em criar, pelo menos, uma sala de amamentação no Palácio do Governo.

BLH públicos fora dos hospitais

Neste momento, conforme apurou a nossa equipa de reportagem, está-se a fazer o levantamento do número de salas e equipamentos necessários. Segundo Irina Spencer, “uma sala deste tipo é muito importante para as mães que, de alguma forma, não conseguem fazer a extração, seja manual, seja com bomba, que moram longe do local de trabalho e preferem que a sua criança seja levada ao seu posto de trabalho para ser amamentada ou que têm mais facilidade em amamentar diretamente ao seio”.

Mas o acesso a salas de amamentação deve ser possível logo a seguir ao parto, o que significa que as estruturas de saúde públicas, centrais e regionais, devem também disponibilizar tais salas. Santiago Norte, mais propriamente o concelho de Santa Catarina, tem desde o passado dia 7 de agosto, duas destas salas, uma no Hospital Regional Santa Rita Vieira, na zona de Achada Falcão, e outra na Delegacia de Saúde, situada na cidade de Assomada. O Hospital Regional João Morais, no concelho de Ribeira Grande (Santo Antão) também já tem uma sala de amamentação, a qual foi inaugurada no passado dia 6 de agosto. Com abertura destas três unidades, Cabo Verde passa a ter oito salas de amamentação.

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