
O XIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre há três dias na cidade da Praia, termina este sábado, 18. Daniel Medina, presidente da Academia Cabo-Verdiana de Letras (ACL), partilhou durante o evento a sua visão para o futuro da literatura em português, falando, entre outros projetos, do sonho de testemunhar o nascimento de um observatório lusófono da literatura.
Para Daniel Medina, o português é “uma língua que atravessa oceanos e séculos, une margens distantes e que faz do mar, não uma fronteira, mas um espelho onde se refletem as nossas raízes e sonhos partilhados”. Por este “território de diversidade e também de liberdade”, defende o presidente da ACL, “devemos fortalecer as redes literárias lusófonas, incentivar a tradução recíproca, promover residências criativas e intercâmbios literários e inspirar novos leitores, especialmente os mais jovens, para que a chama da palavra continue acesa”.
Haverá vários caminhos para concretizar este desiderato nesta era de globalização digital em que a tecnologia molda novas formas de expressão, os leitores dispersam-se e “o mundo parece correr mais depressa do que o silêncio das páginas”, ao mesmo tempo que outras línguas vão dominando. Daniel Medina anunciou quatro desses caminhos durante o discurso que fez na sessão de abertura do evento.
O primeiro, “um observatório lusófono da literatura que cartografa as nossas vozes e as deu a conhecer ao mundo”. O segundo, “um prémio literário lusófono que celebra a beleza e a coragem da criação em português”. E o terceiro, “a digitalização dos nossos arquivos literários para que a memória se torne presença viva”.
O presidente da Academia Cabo-Verdiana de Letras sonha ainda com uma maior aproximação entre academias, escolas e universidades “para que a literatura continue a ensinar-nos, a pensar e a sentir”. Porém, avisou Daniel Medina, “estas ideias só ganharam corpo se forem alimentadas por uma vontade comum, firme e solidária”. É aqui que o Encontro de Escritores de Língua Portuguesa desempenha um papel fundamental, funcionando como um “farol de ideias e de afetos que ilumina o poder da nossa língua comum”, diz Daniel Medina.
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