
O Campo de Concentração do Tarrafal deu um passo decisivo para se tornar Património Mundial da Unesco. Cabo Verde recebeu uma avaliação preliminar positiva e tem agora até 31 de janeiro de 2027 para apresentar o dossiê final de candidatura como lugar de memória associado a conflitos recentes. A notícia foi revelada esta quarta-feira, 15, em conferência de imprensa pela presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Baessa, acompanhada por Sandra Mascarenhas, coordenadora técnica da candidatura.
“Esta avaliação positiva marca uma etapa crucial no processo. Recebemos uma base sólida e encorajadora para continuarmos o trabalho”, afirmou Ana Samira Baessa, sublinhando que o processo requer envolvimento técnico, científico e diplomático, com a participação de todos os países cujas memórias estão ligadas ao Tarrafal, e destacou ainda o apoio internacional que tem sido fundamental, nomeadamente do Fundo Africano do Património Mundial e da China.
A Unesco reconhece no Tarrafal um valor histórico único enquanto prisão ligada à resistência contra regimes totalitários, destacando-o como símbolo de liberdade, resiliência e dignidade humana. Ao contrário de outras prisões internacionais, o Tarrafal possui uma dimensão simultaneamente nacional, regional e global.
Sandra Mascarenhas explicou que a organização deixou várias recomendações a cumprir. Entre elas, garantir condições de habitabilidade para as 16 famílias que residem nos anexos do campo, definir o regime de propriedade e ocupação do solo, elaborar planos de gestão e de riscos, e valorizar não apenas o espaço físico mas também a dimensão imaterial do local. “Não vamos expulsar as famílias. O que precisamos é garantir-lhes condições dignas – água, luz, reabilitação das casas – preservando ao mesmo tempo a autenticidade do sítio”, esclareceu a coordenadora.
Memória partilhada com Angola, Guiné-Bissau e Portugal
O trabalho já começou. Cabo Verde está a ampliar a visão sobre todo o sítio do Tarrafal e a planear uma interpretação global do espaço, envolvendo a colaboração de países como Angola, Guiné-Bissau e Portugal, cujos cidadãos também passaram pelo campo. Durante 38 anos, o Campo de Concentração do Tarrafal recebeu cerca de 600 presos políticos em condições desumanas. A candidatura é uma forma de preservar esta memória para toda a humanidade.
A estratégia de candidatura foi apresentada em 2024, no âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril e dos 50 anos do encerramento do campo, sob coordenação do IPC e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.
Fonte: Inforpress
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