Sábado, 20 Dezembro 2025

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Sistema Financeiro de Cabo Verde em 2024: solidez, apesar de vulnerabilidades estruturais

O sistema financeiro cabo-verdiano manteve-se resiliente em 2024, beneficiando do crescimento robusto da economia (7,2%), da trajetória de desinflação e do reforço da posição de capital e liquidez do sector bancário, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira divulgado pelo Banco de Cabo Verde. A conclusão faz parte do Relatório de Estabilidade Financeira 2024, divulgado esta semana, que destaca os progressos registados, mas também as fragilidades persistentes.

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Segundo o documento, “o sistema financeiro nacional manteve-se resiliente em 2024, beneficiando do crescimento robusto da economia, da trajetória de desinflação e do reforço da posição de capital e liquidez do sector bancário”. O rácio de solvabilidade do sistema bancário atingiu 23,9 por cento, bem acima do mínimo regulamentar de 12 por cento, refletindo, de acordo com o BCV, “a consolidação estrutural dos fundos próprios e a robustez da liquidez”.

Apesar destes avanços, o relatório identifica riscos importantes. “Persistem vulnerabilidades estruturais relevantes”, sublinha o banco central, referindo “a dupla concentração em crédito e depósitos” e a “dependência significativa dos depósitos do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)”, que representam 14,8 por cento do total do sistema. 

O documento alerta ainda para “a exposição ao risco soberano, que ascende a 72,2 mil milhões de escudos, correspondendo a 48,4 por cento do crédito total e 21,2 por cento do ativo”. Esta situação é agravada pela “fragilidade das empresas do sector empresarial do Estado, a maioria classificada em níveis críticos de risco”.

Outro ponto crítico destacado é a qualidade do crédito. “O volume de crédito em incumprimento voltou a aumentar, fixando-se em 7,9 por cento do total (face a 7,3 por cento em 2023)”, assinala o relatório. Embora os particulares tenham beneficiado do aumento do emprego formal e da contenção dos preços, o agravamento do risco das empresas públicas e de algumas privadas contribuiu para esta subida.

No domínio dos riscos emergentes, o BCV avisa que “a crescente digitalização dos serviços financeiros expõe o sistema ao risco de ataques cibernéticos. Foram registadas tentativas de intrusão nos sistemas de pagamento sob gestão da SISP, todas neutralizadas, mas o relatório salienta que “torna-se essencial reforçar a resiliência cibernética com estratégias nacionais robustas”.

O banco central conclui que, embora a banca cabo-verdiana se mantenha solvente, “choques severos de crédito e liquidez revelariam pressões significativas sobre o capital em algumas instituições, evidenciando riscos de concentração e evidente necessidade de recapitalização”. 

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