
O Presidente da República condecorou esta quinta-feira, 7 de novembro, com a Medalha de Mérito de Segunda Classe António Augusto Spencer, conhecido como Nhô Antoninho de Mar Liso, numa cerimónia realizada no Museu da Pesca, no concelho do Tarrafal de São Nicolau. Segundo nota da Presidência da República, a distinção reconhece o percurso extraordinário de um homem que se tornou símbolo da ligação marítima entre as ilhas cabo-verdianas e uma figura incontornável da história marítima nacional.
Nhô Antoninho entrou para a história como o primeiro capitão do Mar Liso, navio que durante décadas assegurou a ligação vital entre São Nicolau e as restantes ilhas do arquipélago. Ao leme da embarcação, tornou-se um dos mais respeitados mestres de navegação do país, ganhando a confiança de gerações de cabo-verdianos.
“Mar Liso” não foi apenas um meio de transporte. Segundo o Decreto Presidencial n.º 18/2025, que formalizou a condecoração, a embarcação “tornou-se uma instituição flutuante, um espaço de encontros, despedidas e reencontros de gerações, culturas e sonhos”. Durante anos, o navio transportou não só passageiros e mercadorias, mas também esperanças, histórias e memórias que hoje fazem parte do imaginário coletivo nacional.
Ao entregar as insígnias a Nhô Antoninho, o Chefe de Estado prestou tributo não apenas ao veterano capitão, mas a todos os homens corajosos que, desde a independência, enfrentaram o mar com bravura para garantir a circulação de pessoas e bens entre as ilhas. “A coragem, o compromisso e o percurso de perseverança ao leme do Mar Liso” foram destacados como os valores que justificam a distinção, numa altura em que o país reconhece o papel fundamental dos trabalhadores marítimos na construção da nação.
A escolha do Museu da Pesca para a cerimónia não foi casual. O espaço, localizado no Tarrafal de São Nicolau, preserva a memória da luta dos homens do mar e testemunha o percurso histórico da pesca e da transformação do pescado em Cabo Verde. A entrega das insígnias decorreu durante a visita do Presidente da República à ilha de São Nicolau, numa manhã marcada pela emoção e pelo reconhecimento público de uma vida dedicada ao serviço da comunidade.
Mesmo diante das mais árduas adversidades – mares revoltos, condições meteorológicas adversas e as dificuldades inerentes à navegação entre ilhas –, Nhô Antoninho manteve-se firme ao leme, garantindo que as ligações marítimas nunca falhassem. O seu percurso representa a determinação de uma geração que construiu Cabo Verde com trabalho, sacrifício e amor ao mar. A condecoração surge como um reconhecimento justo a quem dedicou a vida a ligar pessoas, famílias e ilhas, tornando-se parte indissociável da história marítima nacional.
Nhô Antoninho de Mar Liso é hoje uma lenda viva, um testemunho da época em que os barcos eram a única ponte entre as ilhas e os seus capitães, verdadeiros heróis anónimos da construção da nação cabo-verdiana.













































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