
As reservas cambiais de Cabo Verde alcançaram os 84,7 mil milhões de escudos no final de 2024, representando um crescimento de 7,4% comparativamente ao valor registado em 2023, segundo dados divulgados pelo Banco de Cabo Verde. Este desempenho positivo ficou a dever-se principalmente às entradas líquidas de divisas no último trimestre do ano, à evolução favorável da cotação dos activos em carteira e aos juros recebidos. A apreciação do dólar americano e do renminbi chinês face ao euro contribuiu igualmente para a melhoria significativa da performance global das reservas.
A rendibilidade acumulada das reservas externas atingiu os 5,34% em 2024, superando os 3,38% obtidos no ano precedente. Este resultado inclui os impactos cambiais e reflecte a estratégia de gestão adoptada pela instituição central cabo-verdiana.
No âmbito da sua política de investimentos, o Banco de Cabo Verde aprovou uma nova composição cambial para os activos de reservas externas. A estrutura passa a contemplar 78% em euros e 22% distribuídos entre dólares americanos e renminbi chinês, tendo em consideração a composição cambial das responsabilidades externas do país e os desenvolvimentos nos mercados financeiros internacionais.
Diversificação e sustentabilidade em foco
O banco central manteve a estratégia de diversificação de investimentos, preservando a participação no fundo BISIP CNY, gerido pelo Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) e constituído integralmente por emissões governamentais chinesas. A sustentabilidade ambiental, social e de governação continuou a merecer atenção especial, com a manutenção da carteira Green Bond, alinhada com o plano estratégico da instituição.
Venda de ouro aproveitando condições favoráveis
Numa decisão estratégica, o Banco de Cabo Verde procedeu à venda da totalidade da sua posição em ouro, aproveitando as condições excepcionalmente favoráveis do mercado num período de valorização expressiva do metal precioso.
Enquanto investidor conservador, a instituição realizou a revisão anual do quadro de referência de gestão de reservas, actualizando os benchmarks para as carteiras de investimento e liquidez denominadas em euros e dólares americanos, sempre com vista à preservação de capital e liquidez, sem descurar o binómio risco/retorno.
Gestão de risco rigorosa e prudente
Em cumprimento das Normas Orientadoras de Gestão de Reservas (NOGR), o Banco de Cabo Verde manteve um controlo rigoroso sobre os diversos tipos de risco associados aos activos externos, incluindo riscos de mercado, crédito, liquidez e operacionais.
A instituição procurou preservar a diversificação dos investimentos por categoria de activos e emitentes, mantendo uma estrutura de prazos adequada às responsabilidades de curto prazo e satisfazendo as necessidades de liquidez durante todo o ano.
A gestão do risco de crédito seguiu uma abordagem cautelosa e conservadora, privilegiando investimentos com elevada notação financeira. No final de 2024, os instrumentos com rating AAA e AA representavam 86% das carteiras de investimento, sendo que 59% concentrava-se na categoria AAA.
O risco cambial foi objecto de monitorização contínua através de uma abordagem de gestão de activos e passivos, que exige a cobertura das responsabilidades de curto prazo denominadas nas principais moedas. Esta estratégia conjugou-se com um exercício de optimização da relação risco-retorno, respeitando os limites táctico e estratégico estabelecidos para a composição cambial das reservas.
Europa consolida posição como destino preferencial
Na distribuição geográfica dos investimentos, verificou-se uma reorientação estratégica com a redução da proporção alocada aos Estados Unidos e à Ásia, para 7% e 10% respectivamente.
A Europa consolidou a sua posição como região preferencial para os investimentos dos activos externos cabo-verdianos, aumentando o seu peso de 70% para 73% no final do ano, reflectindo a confiança do banco central na estabilidade e nas perspectivas dos mercados europeus.
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