
O coordenador do Projeto Reduce, Jacob Gonzalez-Solis, diz ser necessária a implementação de sistemas de monitorização eletrónica nas embarcações de pesca industrial que operam em águas cabo-verdianas, para colmatar a falta de dados sobre impactos em espécies marinhas vulneráveis. O investigador e professor da Universidade de Barcelona fez o apelo durante a IV Conferência sobre Década do Oceano.
Segundo Gonzalez-Solis, Cabo Verde não possui atualmente um programa de observadores a bordo de embarcações de pesca industrial, o que resulta numa falta de informação sobre o impacto desta atividade em espécies vulneráveis da megafauna marinha, como tartarugas, tubarões, raias e aves marinhas.
“O país carece de dados básicos sobre o impacto real dessa atividade. Vários países da região, incluindo Senegal, Mauritânia, Gabão e Marrocos, já implementaram programas de monitorização há anos”, referiu o coordenador.
De acordo com o especialista, dados preliminares do Projeto Reduce mostram que cerca de sete mil tartarugas marinhas são capturadas anualmente na região da Macaronésia, que inclui Cabo Verde, e, muitas destas espécies reproduzem-se nas ilhas do arquipélago.
Acrescentou ainda, que o tipo de pesca influencia a natureza de capturas acidentais, por exemplo, o palangre, uma linha com milhares de anzóis, representa maior risco para as tartarugas, enquanto a pesca com cerco origina impactos em tubarões e raias.
Conforme avançou, atualmente, apenas algumas embarcações espanholas e francesas dispõem de programas de observadores, cobrindo aproximadamente dez por cento da frota que opera em águas cabo-verdianas.
Uma alternativa moderna pode ser a solução
O Projeto Reduce, financiado pela União Europeia com nove milhões de euros e que envolve treze parceiros de cinco países, oferece uma alternativa através de sistemas de monitorização eletrónica baseados em câmaras e inteligência artificial.
“O sistema registra e analisa as capturas em tempo real, identificando automaticamente espécies-alvo e acessórios com alta precisão. Esta tecnologia dispensa a presença de observadores humanos a bordo”, explicou Gonzalez-Solis.
O coordenador do projeto esclareceu que a solução seria financiada pelo Projeto Reduce e requer apenas a colaboração do Governo de Cabo Verde e a disposição dos armadores em participar na experiência.
Gonzalez-Solis enfatizou que a implementação de programas de monitorização poderia contribuir para a compreensão mais precisa dos impactos da pesca industrial e para uma gestão mais eficaz dos recursos marinhos, bem como reforçar a sustentabilidade do setor.
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