Sexta-feira, 14 Novembro 2025

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Presidente da República defende leitura como “ato de cidadania”

O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu esta quinta-feira que a leitura é “um ato de cidadania” e “o primeiro degrau de qualquer democracia madura”, na cerimónia de abertura do Seminário Internacional “Ler África Ibero-América”, que decorre até 17 de novembro no Tarrafal de Santiago.

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“Ler é um ato de insubmissão. É libertar o pensamento das armadas da ignorância”, afirmou o chefe de Estado cabo-verdiano, sublinhando o simbolismo de realizar o encontro num local onde “se tentou aprisionar o espírito humano”, mas que se tornou “santuário da resistência”.

O evento, idealizado por Mário Lúcio Santos, reúne escritores, académicos, editores e mediadores de leitura de várias partes do mundo no Memorial da Resistência, antigo campo de concentração do Tarrafal, sob o tema “Utopia como resistência. Resistência como utopia”.

Esta é a primeira vez que o seminário se realiza em território africano. José Maria Neves destacou Cabo Verde como “palco ideal para um diálogo profundo entre duas línguas-mundo”, o português e o espanhol, que “se espalharam pelos oceanos, não como barreiras, mas como pontes”.

O Presidente defendeu também a valorização da língua cabo-verdiana, nascida do encontro entre culturas e entre povos, propondo colocar “as línguas em diálogo” em vez de as confrontar. “Ao falarmos das duas línguas, gostaríamos também que se projetasse a língua cabo-verdiana como um caminho para melhor aprendermos, hoje, o português e a língua espanhola”, declarou.

A importância do Memorial da Resistência 

A escolha do Memorial da Resistência para acolher o seminário foi justificada por José Maria Neves como uma decisão “impregnada de memória e de sentido”. O chefe de Estado recordou que naquele espaço “a palavra persistiu e a leitura silenciosa e subversiva foi refúgio e redenção” durante o período colonial.

“Num mundo em que o ruído das armas continua a ofuscar o verbo e a razão, é consolador que estejamos reunidos para exaltar o livro, a leitura e a criação”, afirmou o Presidente, ao defender que os livros são os mais poderosos arsenais de paz porque “educam, humanizam e reconciliam”.

Ainda nas palavras de José Maria Neves, deve haver o reforço das políticas públicas do livro e da leitura, através do apoio às editoras e livrarias locais e ao fomento da tradução e circulação de obras. “O futuro constrói-se com palavras. As estradas e os edifícios erguem-se sobre ideias e é de leitores que se faz a cidadania”, declarou.

O Presidente manifestou ainda reconhecimento a Mário Lúcio Santos pela iniciativa e aos organizadores do evento, considerando que “a presença de escritores, editores, académicos e mediadores de leitura de várias latitudes honra Cabo Verde”.

O seminário prossegue até domingo com debates e atividades culturais centrados na literatura e no diálogo entre África e a Península Ibérica.

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