
O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves defendeu hoje, que a igualdade de género constitui um imperativo do desenvolvimento justo e sustentável, durante a cerimónia de abertura oficial do Fórum Internacional: Mulher e os Desafios do Desenvolvimento, que teve lugar na cidade da Praia. O evento, que conta com o lema “Mais Participação, Melhor Futuro”, reuniu representantes de diversas instituições nacionais e internacionais para debater os desafios enfrentados pelas mulheres no contexto do desenvolvimento.
Na sua intervenção, o Chefe de Estado reiterou o apoio da Presidência da República à causa da igualdade e equidade de género, considerando-a como pilar essencial do progresso democrático, da justiça social e da sustentabilidade do desenvolvimento. O Presidente integra a Comissão de Honra do fórum, que conta com uma representatividade alargada de instituições, incluindo o Instituto Nacional para a Igualdade e Equidade de Género (INEG), organismos internacionais, associações comunitárias, entidades políticas, ordens profissionais e empresas.
S0 anos de independência de Cabo Verde: papel histórico das mulheres
O momento escolhido para a realização do fórum coincide com as celebrações do cinquentenário da independência de Cabo Verde, marco que o Presidente considerou fundamental para uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade cabo-verdiana e no mundo globalizado.
“As mulheres cabo-verdianas estiveram e continuam a estar no centro da história, desempenhando papéis cruciais como guardiãs da cultura, educadoras de gerações, líderes comunitários, profissionais de excelência, ativistas incansáveis e parceiras indispensáveis na edificação do país”, enfatizou o Chefe de Estado.
Numa perspetiva histórica, o Presidente recordou as adversidades enfrentadas pelas mulheres antes da independência, incluindo pobreza aguda, elevada mortalidade materna e infantil, escassos recursos económicos, maior incidência de analfabetismo e desigualdades de género profundamente enraizadas.
“Apesar destas condições, as mulheres resistiram com coragem e estiveram lado a lado com os homens que estiveram na linha da frente da luta pela liberdade”, reiterou Neves.
Desafios persistentes e necessidade de ação urgente
Não obstante os progressos alcançados nas últimas cinco décadas, o Presidente reconheceu que os desafios persistem, identificando barreiras estruturais nas esferas do poder, da economia e do trabalho, bem como formas subtis e explícitas de discriminação e violência que ainda afetam muitas meninas e mulheres. Alertou ainda para o facto de, em muitos casos, o talento e a competência femininos continuarem subvalorizados e sub-remunerados.
“se continuarmos ao ritmo atual, só atingiremos a paridade global dentro de 130 anos”, um horizonte temporal que classificou como inaceitável e que deve ser encurtado encurtar com urgência”.
Ação e responsabilização coletiva
Durante a sua intervenção, o Presidente defendeu a necessidade de empoderar as jovens raparigas, dotando-as de ferramentas para sonhar mais alto, liderar com audácia e inovar com confiança, considerando-as como o futuro imediato que merece um presente com oportunidades reais.
O representante maior do Estado alertou também para os riscos das novas tecnologias na perpetuação das desigualdades, considerando imperativo garantir às mulheres o acesso às oportunidades de transição digital, da economia verde e dos saberes do futuro, sob pena de as novas desigualdades agravarem ainda mais as anteriores.
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