
Depois da vitória histórica por 3-0 sobre o Essuatini, que carimbou o passaporte para a primeira Copa do Mundo de futebol de Cabo Verde, os heróis da tarde de 13 de outubro no Estádio Nacional foram esta terça-feira recebidos pelo Primeiro-Ministro Ulisses Correia e Silva, e, a seguir, pelo Presidente da República, que anunciou que os jogadores, a equipa técnica e o presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, Mário Semedo, vão ser condecorados com a Ordem do Vulcão, a principal comenda do país, em reconhecimento pela histórica qualificação.
José Maria Neves afirmou na receção à seleção nacional de futebol que “é impossível contabilizar os ganhos que esta vitória e a projeção que os Tubarões Azuis trazem a Cabo Verde”. Na visão do Chefe de Estado, esse feito “mostra-nos o caminho num mundo que está muito dividido e polarizado. Mesmo aqui em Cabo Verde há muita divisão, muita discussão”.
“A seleção veio unir, mostrar que podemos viver acima dessas divisões e disputas e que podemos, quando estamos unidos, ultrapassar todos os limites e obstáculos”, referiu o Presidente da República, frisando a seguir que “não há impossibilidades para a união do povo cabo-verdiano”.
Mário Semedo, presidente da Federação Cabo-Verdiana de Futebol afinou pelo mesmo diapasão, afirmando que “quando há união, há vitória. Quando há união há ganhos, e não é só no futebol, mas em todos os setores de atividade”.
“Mais do que um pensamento, isso tem que ser uma prática”, acrescentou depois Mário Semedo, que partilhou com a assistência algo que testemunhou através da televisão e que, do seu ponto de vista, “tem um simbolismo muito importante, sobretudo em momentos como este”. “Vi o cartaz de um rapaz que assistia ao jogo em S. Vicente que dizia: ´De Santo Antão à Brava, todos somos cabo-verdianos´. O futebol serve para isto, unir as pessoas”, declarou o presidente da FCF.
Um apelo à união dos cabo-verdianos
O Salão de Banquetes do Palácio do Governo recebeu ontem os mundialistas. Apesar de muitos jogadores já terem regressado aos seus clubes e campeonatos, a comitiva presente foi representativa do grupo que fez história. O Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, destacou a importância da qualificação para a identidade nacional: “Nós somos mais de 10 ilhas, nós somos mais de 500 mil habitantes, nós somos uma nação global. E o facto de estarmos presentes lá, significa que nós temos uma identidade, nós temos uma cultura, nós temos algo que nos liga.”
“Todos nós, mesmo juntando para uma causa de futebol, leva Cabo Verde com um símbolo só, um hino só, uma bandeira só. E esta é uma grande lição para todos os cabo-verdianos, para quem acredita no Cabo Verde, em nosso país, acredita na nossa capacidade de superação e acredita na nossa capacidade de vencer”, afirmou o chefe do Governo.
O capitão Stopira, que ainda não acordou do sonho, agradeceu ao Governo, aos antigos e atuais jogadores e principalmente ao povo cabo-verdiano, apelando à união de todos. “Nós, unidos, é muito mais forte. É um apelo que nós fazemos, não só neste momento, mas para sempre. Que nós, unidos, não tenhamos que conquistar. Nós somos um povo pequeno, mas com um coração enorme”, declarou o capitão dos Tubarões Azuis.
Stopira agradeceu ainda à federação por toda a dedicação ao longo dos anos e aos jogadores que passaram pela seleção antes, sublinhando que “essa vitória também faz parte disso”.
Apoio do Governo
O selecionador nacional, Bubista, relembrou os voos charter alugados pelo Governo, que diminuíram horas de espera nos aeroportos e encurtaram rotas, mas sobretudo pela moral que o Primeiro-Ministro sempre deu ao grupo e por estar quase sempre no estádio a apoiar a seleção.
“O Míster faz o seu trabalho dentro das quatro linhas, mas o apoio de todos é fundamental”, afirmou Bubista, reforçando a mensagem de união. “Cada um de nós está ali, cada cabo-verdiano tem uma quota-parte nessa vitória. É uma luta de muito tempo, não é de agora. Nada individual, é um trabalho de grupo, um trabalho de cabo-verdianos.”
O presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, Mário Semedo, que usou da palavra para agradecimentos, primeiro a Deus e depois aos patrocinadores, destacando a Alô Cabo Verde, e à diáspora cabo-verdiana, que teve um papel fundamental.
Mário Semedo fez ainda questão de destacar o casal Neusa de Pina e Tó, sublinhando o apoio do Governo, não só a nível financeiro através dos voos charter, mas também pela presença constante. “É fundamental uma equipa de futebol ter um público atrás que puxa por ela. E no Estádio Nacional, a equipa antes, durante e depois do jogo, apoia sempre a Seleção Nacional”, afirmou o dirigente federativo.
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