
O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, defendeu ontem, 12, que o maior investimento de Cabo Verde deve ser no capital humano. A declaração surge após a apresentação do Orçamento do Estado para 2026 na Assembleia Nacional, num documento que prevê aumentos salariais para profissionais da função pública.
“O maior investimento que Cabo Verde pode fazer é no seu capital humano. Não é apenas nas estradas, portos ou aeroportos, é nas pessoas, nos jovens, na educação e na inclusão”, escreveu Olavo Correia na publicação. O governante sublinhou que, “só nos últimos três anos, entre 2024 e 2026, os 100 milhões de euros destinados a aumentos remuneratórios de médicos, enfermeiros, professores e demais funcionários públicos representam 10% do Orçamento de Estado para 2026.
Na mesma publicação, o ministro das Finanças destacou que o investimento nas remunerações foi realizado “sem aumentar impostos, mas com redução fiscal, sustentada pelo crescimento económico e pela criação de riqueza”. O documento orçamental aponta para um crescimento médio de 6% da economia cabo-verdiana, inflação abaixo dos 2% e um défice orçamental inferior a 1% do PIB.
Olavo Correia referiu ainda a trajetória da dívida pública, que desceu de 115% do PIB em 2016 para valores abaixo dos 100% previstos para 2026, atribuindo os resultados a “uma gestão rigorosa e uma política económica prudente, orientada para o crescimento sustentável”.
O governante reforçou que Cabo Verde já integra a categoria de países de rendimento médio-alto e que o próximo objetivo é a transição para país de rendimento alto. “Esta transição exige visão, disciplina e continuidade: mais investimento no capital humano, no ecossistema empresarial e financeiro, no clima de negócios e na criação de riqueza”, afirmou na publicação.
Oposição critica caráter eleitoralista
A proposta orçamental, no valor de 95,7 mil milhões de escudos (cerca de 870 milhões de euros), está a ser debatida no Parlamento e enfrenta críticas da oposição. O deputado do PAICV, Julião Varela, classificou o documento como “eleitoralista, irrealista e de austeridade”, marcando “o fim de um ciclo de 10 anos de metas não cumpridas e compromissos falhados”.
O parlamentar questionou a utilidade de apresentar saldos positivos quando a população vive com rendimentos insuficientes e enfrenta problemas nos transportes marítimos e aéreos, no abastecimento de energia e água e no acesso à saúde. O maior partido da oposição prometeu apresentar um orçamento retificativo caso vença as eleições legislativas previstas para o primeiro semestre de 2026. O Orçamento do Estado será votado na especialidade na Assembleia Nacional até amanha, 14, sexta-feira.



































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