Quinta-feira, 16 Outubro 2025

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O regresso lendário de Stopira: da despedida ao golo que carimbou a passagem de Cabo Verde ao Mundial

Stopira marcou o golo que na segunda-feira, 13, selou a qualificação de Cabo Verde para o Mundial de Futebol 2026, protagonizando um regresso épico ao seio dos Tubarões Azuis. Afinal, exatamente um ano e quatro meses antes tinha anunciado que chegara a hora de pôr fim à sua presença na seleção nacional. Agora sim, Stopira pode verdadeiramente dizer  “missão cumprida”.

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Havia um sorriso de dever cumprido no rosto de Stopira quando, a 12 de junho de 2024, recebeu das mãos do presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, Mário Semedo, a camisola com o número correspondente às suas internacionalizações até então: 62. Naquele dia, no intervalo do jogo entre Cabo Verde e Líbia, o defesa de 37 anos despedia-se oficialmente dos Tubarões Azuis após 16 anos de dedicação.

“Sonho Realizado, Missão cumprida, Gratidão. Obrigado todos os que fizeram parte dessa caminhada, abreijos eu amo vocês, um obrigado especial a nosso Presidente Mario Semedo por tudo que tens feito em prol da nossa seleção de Futebol na Cabo Verde, Tubarões Azuis hoje Manham e pa Sempre”, escreveu Stopira na sua página do Facebook, numa mensagem carregada de emoção e reconhecimento.

Parecia o fim de uma história bonita. Mas o destino tinha outros planos. Um ano depois, com a seleção nacional a enfrentar dificuldades defensivas e várias lesões no plantel, o selecionador Bubista tomou uma decisão ousada: ligou para Stopira. Do outro lado da linha, o defesa nascido e criado na Praia, “de txada nha povo”, ouviu o apelo da nação. Cabo Verde precisava dele mais uma vez.

O regresso foi discreto. Stopira esteve nas convocatórias para os jogos com as Maurícias, os Camarões e a Líbia, mas sem nunca entrar em campo. Muitos questionaram-se sobre o real propósito do seu retorno. Seria apenas para dar experiência ao grupo? Um gesto simbólico? A resposta chegou anteontem, no Estádio Nacional da Praia, aos 87 minutos do jogo contra o Essuatíni. Com Cabo Verde a vencer por 2-0, Bubista chamou Stopira. O veterano defesa entrou para os derradeiros minutos de uma partida que valia a classificação inédita para o Mundial de 2026.

Cinco minutos depois, aos 90+1, aconteceu o improvável. Stopira marcou o terceiro golo, sentenciando o resultado em 3-0 e garantindo matematicamente a presença cabo-verdiana na Copa do Mundo pela primeira vez na história. Praticamente na primeira vez que tocou na bola desde o seu regresso, escreveu o seu nome em letras douradas no livro da história do futebol cabo-verdiano. O estádio explodiu. O nome de Stopira ecoou entre os milhares de adeptos em delírio. Lágrimas, abraços, uma nação inteira em êxtase. Parece ficção, mas não é.  

“Estou sem palavras. Para isto que eu voltei. Para o meu povo. Cabo Verde, amo-te demais!”, declarou o jogador após o apito final, visivelmente emocionado. Não só alcançou a sua 63ª internacionalização desde a estreia em 2008 como transformou uma “missão cumprida” em algo ainda mais glorioso. Do adeus ao regresso triunfal. Da aposentadoria ao momento mais importante da sua carreira.

Para os cabo-verdianos ficará gravado para sempre na memória o 13 de outubro de 2025, dia em que os Tubarões Azuis conquistaram o inédito, dia em que Stopira, filho da Praia, provou que algumas histórias estão destinadas a ter um final épico.

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