
O Instituto do Património Cultural iniciou hoje, 25, um ciclo de formações em arqueologia subaquática e acessibilidade em museus, numa parceria com a Cooperação Espanhola, para capacitar profissionais e reforçar a proteção dos mais de 300 naufrágios existentes nas águas cabo-verdianas contra atividades ilícitas de “caçadores de tesouros”.
As ações de capacitação, que decorrem até 29 de agosto na capital cabo-verdiana, inserem-se no Programa ACERCA e visam desenvolver competências técnicas para o registo e preservação de bens patrimoniais submersos, bem como adequar os museus nacionais a padrões internacionais de inclusão. As formações em curso serão seguidas, em setembro, pelos cursos de Gestão do Património Cultural em contexto de mudanças climáticas e riscos, e de Inventário e Digitalização de Acervos.
A presidente do Instituto do Património Cultural, Ana Samira Baessa, alertou para a vulnerabilidade do património arqueológico subaquático cabo-verdiano, sublinhando que “este património corre algum risco em Cabo Verde” devido à pilhagem e aos roubos, uma realidade que não é “única e exclusiva” do arquipélago.
A responsável revelou que Cabo Verde está a trabalhar num regulamento específico para a proteção do património arqueológico subaquático, já em fase de aprovação, paralelamente ao regulamento do turismo náutico, como forma de reforçar o quadro legal de proteção.
Pescadores tornam-se aliados na proteção
Segundo Samira Baessa, o Instituto tem apostado em ações de educação e sensibilização junto das comunidades costeiras, escolas e pescadores, que “são profissionais do mar” e podem tornar-se “parceiros neste processo de proteção do património”. Esta estratégia já apresenta resultados positivos, uma vez que as últimas ações suspeitas de roubo ou atividades arqueológicas não autorizadas na Ilha do Maio foram denunciadas precisamente por pescadores locais.
“Se em outros tempos os pescadores participavam com estas empresas, apoiavam nesses trabalhos, hoje denunciam”, destacou Ana Baessa. Apesar dos desafios, a presidente do IPC destacou os progressos alcançados desde 2019, quando foram catalogados e georreferenciados 132 naufrágios de um universo estimado em mais de 300.
“Uma quantidade enorme de nossos naufrágios, nós estamos a falar de mais de 3 centenas de naufrágios”, afirmou, considerando que a catalogação já realizada representa “uma vantagem enorme” que deve ser continuada.
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