
O cimboa, instrumento tradicional cabo-verdiano que, durante décadas, esteve caído no esquecimento, foi celebrado esta quinta-feira,17, na cidade da Praia, com o lançamento do Catálogo “Simboa Património Imaterial de Cabo Verde”. A cerimónia marcou o encerramento de um projeto de três anos dedicado à preservação e valorização deste bem cultural nas comunidades de São Domingos, Santa Cruz e Tarrafal, na ilha de Santiago.
A iniciativa, financiada pela União Europeia, resgata um instrumento mantido vivo apenas pela memória dos mestres anciães que garantiram a sua transmissão dentro das famílias e comunidades. O projeto conseguiu reintroduzir a cimboa no panorama cultural local, criando novas oportunidades na criação artística, produção artesanal e dinamização económica.
O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga, reiterou o compromisso institucional de manter a dinâmica de valorização da cimboa, garantindo que elementos do património cultural cabo-verdiano como este continuem presentes no quotidiano das comunidades.
“Este catálogo é mais do que um registro documental. É a memória viva de um processo coletivo que documenta o fabrico artesanal de um instrumento, a sua execução musical e o seu papel na dinâmica cultural e social das comunidades”, destacou Augusto Veiga na ocasião.
Durante a implementação do projeto, realizaram-se oficinas de capacitação em fabricação, ações de reintrodução do instrumento e distribuição de cimboa às escolas de música. Segundo Augusto Veiga, a participação ativa dos munícipes, mestres, artesãos, jovens aprendizes e agentes culturais dos três municípios foi fundamental para o sucesso da iniciativa.
Para a coordenadora do projeto, Carla Semedo, o catálogo apresentado constitui uma ferramenta de educação e valorização disponível para as comunidades, visto que documenta tanto o processo artesanal de fabrico como o contexto cultural em que a cimboa se insere, especialmente associada ao género musical batuque.
Por sua vez, Victor Semedo, reforçou a importância de os municípios assumirem também a responsabilidade da valorização e classificação do património imaterial existente nos seus municípios, de forma a garantir a continuidade da salvaguarda destes bens culturais.
A cerimónia de lançamento enquadra-se nas celebrações do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, que se celebra hoje, 18 de outubro, este ano sob o lema “Cabo Verde – 50 Anos de Independência, Séculos de Cultura”.
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