
O Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) promoveu esta terça-feira, 9, um atelier formativo dirigido a profissionais do setor turístico para alertar, prevenir e agir perante possíveis situações de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes em contexto de viagens e turismo.
A iniciativa surge num momento em que Cabo Verde reforça os mecanismos de proteção face aos riscos associados ao crescimento acelerado do turismo no país. Apesar de Cabo Verde receber por ano mais de uma centena de denúncias de violência contra menores, os casos de exploração sexual em contexto de viagem e turismo não chegam ao sistema de proteção, um silêncio que preocupa as autoridades.
A presidente do ICCA revelou que a instituição contabiliza atualmente 125 denúncias de abuso e violação sexual. No entanto, especificamente quanto à exploração sexual no contexto turístico, não têm sido recebidas denúncias, o que justifica a aposta em ações de sensibilização e capacitação dirigidas ao setor.
A responsável sublinhou que o turismo é um dos pilares do desenvolvimento social e económico do país, mas lembrou que esse mesmo crescimento pode trazer riscos acrescidos para os mais vulneráveis. Por isso, o ICCA aposta em ações formativas dirigidas a profissionais que lidam diariamente com visitantes.
“Essas entidades que estão aqui connosco hoje não estão preparadas nem é a missão deles investigar e dizer se há uma situação de exploração ou não. Quem faz este trabalho é a Polícia Judiciária, é a Polícia Nacional, é o Ministério Público, mas para isso é preciso recebermos esses sinais de alerta”, explicou a Presidente do ICCA.
A formação incidiu especialmente sobre estabelecimentos da área da restauração, considerada uma dimensão extremamente importante para o desenvolvimento do turismo nacional, para que as mensagens sejam claras e que cada turista que visite o país esteja ciente de que as regras são claras e que não será tolerada qualquer situação desta natureza.
Os participantes consideram a iniciativa essencial e defendem que prevenir a exploração sexual de menores é uma responsabilidade de todos. Além da formação, o encontro serviu também para ouvir os profissionais do setor, que reconhecem que o tema não pode mais ser ignorado num país onde o turismo continua a crescer.
Um dos operadores presentes destacou que o setor tem enfrentado esta realidade ao longo dos anos, mas que cada um lidava com a situação de forma individual. “Nós ainda nunca tínhamos uma associação ou um grupo para abordar essa questão de forma coletiva, hoje é uma grande oportunidade”, afirmou, apelando a uma maior participação dos operadores turísticos para, em conjunto, defenderem os interesses da proteção de crianças e adolescentes.
A ação formativa marca um passo importante na construção de uma rede de proteção mais eficaz, onde profissionais do turismo se tornam agentes ativos na identificação e denúncia de situações de risco, contribuindo para um turismo mais responsável e seguro em Cabo Verde.












































