
O presidente da Federação Cabo-verdiana de Basquetebol, Helder Gonçalves, convocou ontem a imprensa para responder às acusações do ex-selecionador Emanuel Trevoada e dos jogadores internacionais, denunciando o que classifica como “perseguição” e “ilegalidades” numa tentativa de usurpar o poder da Federação. A conferência de imprensa surge após semanas de polémica envolvendo a preparação para o Afrobasket 2025 e a gestão da modalidade no país.
A direção da Federação Cabo-verdiana de Basquetebol (FCVB) reconheceu dificuldades de ordem logística e financeira na preparação e participação da seleção sénior masculina no Afrobasket Angola 2025. Segundo Helder Gonçalves, no primeiro momento não houve resposta adequada por parte da pessoa responsável em França, obrigando o grupo a deslocar-se ao centro de estágio de Rio Maior e, posteriormente, a Angola, onde “tudo correu dentro da normalidade”.
Contudo, o presidente da Federação acusou Emanuel Trevoada de ter assumido múltiplos papéis (treinador, diretor técnico e presidente), tratando de toda a preparação e deixando a direção da Federação completamente de fora.
“A direção foi mantida de fora desta preparação, o que consideramos grave. Se temos uma nova direção, se temos novas pessoas, teriam que concertar primeiramente com a direção representada pelo seu presidente antes de tomar qualquer decisão em Luanda”, afirmou Helder Gonçalves.
Quanto à polémica rescisão do contrato com Emanuel Trovoada, a FCVB mantém a sua versão dos acontecimentos. Segundo a direção, houve uma tentativa de manter “Mané” no cargo, mas o próprio teria recusado numa reunião realizada a 20 de setembro.
“Convocamos uma reunião com o diretor técnico, o senhor Emanuel Trevoada, onde ele esteve presente, para ver se reitaríamos o contrato, se ele continuaria, mas a decisão dele manteve-se. O ex-selecionador decidiu não continuar no cargo e nós respeitamos a sua decisão. Como é natural, procedemos à nomeação de um novo treinador”, explicou o presidente.
Helder Gonçalves referiu ainda que Trovoada “abandonou o suposto trabalho” e esteve em Espanha numa formação sem conhecimento da direção, embora tenha frisado que a decisão de rescisão não veio desse motivo. O novo treinador, que será apresentado oportunamente através dos canais oficiais da Federação, terá apenas funções de selecionador, ficando a direção técnica a cargo de Marco Moreira.
O primeiro grande objetivo é manter uma seleção competitiva para a qualificação para o Mundial, mas Helder Gonçalves reconhece um problema: os jogadores do último Afrobasket estão indisponíveis.
“Será oportunamente apresentado, através das nossas páginas de comunicação oficial aos nossos parceiros, e este terá a responsabilidade de definir e convocar os jogadores que demonstrarem disponibilidade e compromisso para representar Cabo Verde”, garantiu o presidente, confiante de que a situação será resolvida a tempo da prova na Tunísia.
Sobre a comissão de gestão eleita e empossada a 1 de novembro, Helder Gonçalves foi categórico ao afirmar que foi criada de forma ilegal, classificando os responsáveis como “usurpadores” que vão responder nos tribunais.
“Se não há responsabilidade, se não existe respeito, isso será cobrado nos tribunais”, advertiu.
Contudo, no Boletim Oficial 2ª Série nº 213, publicado a 10 de novembro, certifica-se a cessação de funções por destituição da direção e seus órgãos sociais, adicionando mais um capítulo à controvérsia.
Diante deste cenário, Helder Gonçalves deixou um apelo à unidade de todos os intervenientes em prol da modalidade. A situação mantém-se tensa, com posições diametralmente opostas entre a atual direção da Federação, o ex-selecionador Emanuel Trevoada, os jogadores internacionais e a recém-criada comissão de gestão, numa disputa que promete prolongar-se nos tribunais e que ameaça comprometer a preparação da seleção nacional para os próximos compromissos internacionais.








































Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados.