
As Nações Unidas alertam que exclusão de mulheres custa 18 mil milhões de dólares anuais à África Ocidental, realidade que a Coordenadora Residente das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela considera ser causado pela falha em impulsionar a inovação feminina no setor tecnológico, e que constitui um obstáculo crítico ao desenvolvimento dos países.
Durante o painel “Empoderamento feminino na era digital” da cimeira Empodera TECH, realizado na Praia, hoje, 16, Portela alertou para as consequências futuras desta inação. De acordo com a coordenadora, se não fechar rapidamente a lacuna de género, o acesso digital e o desenvolvimento económico dos países ficarão comprometidos, perpetuando a marginalização de famílias e mulheres.
Nas palavras de Patrícia Portela, o fosso entre o acesso à tecnologia e o interesse efetivo permanece preocupante. Apenas oito por cento das alunas do ensino secundário manifestam interesse em tecnologia informática, revelando um desconhecimento generalizado das potencialidades do mundo digital.
Importante frisar que as Nações Unidas têm vindo a implementar iniciativas concretas, nomeadamente o projeto STEM para meninas, lançado pelo Escritório Conjunto do PNUD, UNFPA e UNICEF em parceria com o Ministério da Educação, transporta mulheres cabo-verdianas da área científica e tecnológica às escolas. O programa promove diálogos abertos com alunas sobre trajetórias inspiradoras, transformando interesse abstrato em oportunidades tangíveis no setor digital.
Portela sublinhou que o empoderamento feminino constitui responsabilidade conjunta de homens e mulheres. Os programas nacionais de transformação digital, afirmou a coordenadora, geram as condições necessárias para jovens empreendedores e empreendedoras convertam desafios em soluções inovadoras.
Durante a sua alocução, a coordenadora enfatizou que Cabo Verde avançou substancialmente nas metas dos ODS, incluindo igualdade de género, mas exige esforço coletivo para colmatar as lacunas remanescentes. A inclusão digital das mulheres não constitui mera questão de direitos, mas imperativo económico e social para o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade.
O Banco Mundial estima que até 2030, mais de 230 milhões de empregos em África exigirão competências digitais. Apesar dos progressos, Cabo Verde enfrenta desafios significativos no empoderamento feminino tecnológico. As mulheres ganham em média 14 (%) por cento menos que os homens no país e representam apenas 18 (%) por cento das startups registadas no ecossistema digital. Este cenário persiste numa realidade paradoxal: o território registra 70 por cento de penetração de internet, taxa acima da média dos pequenos estados insulares, e conta com 68 por cento de presença feminina no ensino secundário.
A transformação digital revela-se particularmente crucial para Cabo Verde, enquanto país arquipelágico, pois conecta o território, transcende barreiras geográficas e cria oportunidades de trabalho remoto. Nesta rota de evolução e transformação digital, segundo Portela, a agenda internacional debruça-se em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030.
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