O economista Paulino Dias aconselha os empresários cabo-verdianos a investir no mercado da CEDEAO, entrando sem preconceitos e com conhecimento do seu potencial. A recomendação foi lançada pelo especialista ontem, 10, segundo dia da III Semana de Relações Internacionais e Diplomacia, que acontece na Universidade de Cabo Verde, em celebração dos 50 anos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
Orador numa sessão temática sobre integração económica, Paulino Dias foi perentório ao declarar que “África é uma das opções que Cabo Verde tem se quer diversificar a sua economia, o próprio Banco Mundial já reconheceu isso”. Para este economista e consultor, o continente africano deve ser uma opção “não apenas por questões ideológicas, mas pelo seu potencial para gerar mais riqueza e mais emprego”, o que exige que, antes de mais, Cabo Verde tenha “um pensamento estratégico sobre África”.
A criação de um quadro legal e de um quadro institucional são imprescindíveis, mas “a integração económica se dá com pessoas e empresas”, defendeu Paulino Dias, que disse também não perceber porque são importados de países de outros continentes produtos que podem ser adquiridos nos países da CEDEAO a um preço mais baixo por beneficiarem de isenção de taxas aduaneiras.
Mas a realidade é que “as relações comerciais de Cabo Verde com África não ultrapassam 2 por cento, ou seja, quase nada”, afirma este economista, que também recomenda que Cabo Verde olhe para África como mercado de emissão de turistas. “África hoje tem uma classe média e alta que, se viesse passar férias no nosso país, teria um impacto extraordinário na nossa economia”, explica Paulino Dias, que deu como exemplo dois amigos da Nigéria que viajaram para Cabo Verde só para assistir ao Kriol Jazz Festival.
Para chegar lá precisamos antes procurar mais informação sobre África, construir uma rede de contatos dentro do continente e “acabar com os preconceitos”, diz o consultor, que lembra que no continente também há gente altamente educada, formada nas melhores universidades do mundo, e muitos bilionários.
A III Semana de Relações Internacionais e Diplomacia em comemoração aos 50 anos da CEDEAO termina hoje, 11. A iniciativa, promovida pela Uni-CV, em parceria com a Representação da CEDEAO em Cabo Verde, é dirigida especialmente a estudantes e docentes da área de Relações Internacionais e Diplomacia, investigadores, decisores públicos, diplomatas, representantes da sociedade civil e ao público interessado em temas relacionados à política externa, integração africana e cooperação internacional.
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