
As mulheres cabo-verdianas dedicam, em média, mais oito horas e 42 minutos por semana ao trabalho não remunerado do que os homens, revelam os dados preliminares do módulo “Uso do Tempo e Trabalho Não Remunerado”, 2024, apresentados hoje, 1 de agosto, na cidade da Praia, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A iniciativa é promovida pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE), e enquadra-se nas celebrações do Dia da Mulher Africana, assinalado a 31 de julho.
O estudo demonstra que 88,83% das mulheres participam em atividades de trabalho não remunerado, contra 70,21% dos homens, uma diferença de 18,62 pontos percentuais que se mantém inalterada desde o primeiro inquérito realizado em 2012. O inquérito abrangeu agregados familiares com membros a partir dos 10 anos, durante o quarto trimestre de 2024.
Segundo Alicia Mota, técnica do INE que apresentou os dados, as mulheres cabo-verdianas dedicam semanalmente 22 horas e 42 minutos a tarefas domésticas e de cuidados, enquanto os homens dispendem apenas 14 horas.
Trabalho doméstico absorve 74% da população
O trabalho doméstico regista a maior taxa de participação (74%), e, nesta categoria, as mulheres representam 85,7% dos participantes, face a 62,3% dos homens. Nos cuidados a crianças, idosos e pessoas com deficiência, a disparidade torna-se ainda mais acentuada, 39,7% das mulheres assumem estas responsabilidades, comparativamente a apenas 9,5% dos homens.
A apresentação que integrou as celebrações do Dia da Mulher Africana, numa altura em que, segundo a secretária de Estado da Inclusão Social Lídia Lima, “o rosto do trabalho não remunerado é o rosto da mulher africana”. Lídia Lima, reconheceu durante o evento que, este padrão “provoca alguma exaustão” nas mulheres.
“Quando a mulher acumula essas responsabilidades familiares, essa dedicação aos cuidados familiares, aos serviços domésticos, quando faz isso sozinha, sem o apoio de outros familiares e dos seus parceiros, entendemos que essas mulheres têm as suas vidas um pouco deterioradas no que diz respeito à qualidade do seu bem-estar psicológico e emocional”, declarou.
Lídia Lima defendeu que o Governo tem vindo a fazer uma “intervenção direcionada”, através da implementação da Política Nacional de Cuidados, que inclui a abertura de mais creches, a universalização do pré-escolar e a formação de cuidadores especializados.
“Pretendemos fazer mais para promover uma qualidade de vida melhor para as nossas mulheres, para as famílias”, afirma a governante, sublinhando que o objetivo passa por ajudar as mulheres a libertarem-se para o mercado de trabalho de uma forma mais tranquila”, reafirmou.
No entanto, a mesma alertou para a necessidade de equilibrar as responsabilidades. “A mulher tem de encontrar o equilíbrio para fazer essa conciliação entre o tempo que se dedica à família e o tempo que se dedica à profissão”.
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