
A diretora da Televisão de Cabo Verde (TCV), Bernardina Ferreira, conhecida como Dina Ferreira, afirmou esta segunda-feira, 3, que a sua suspensão por 45 dias, sem remuneração, decidida pelo Conselho de Administração (CA) da Rádio e Televisão de Cabo Verde (RTC), ocorreu após a entidade ter tomado conhecimento do desfecho de um processo de contraordenação instaurado pela Agência Reguladora da Comunicação Social (ARC).
Segundo Dina Ferreira, a ARC aplicou uma coima de 350 mil escudos à RTC por considerar que o Conselho de Administração interferiu na autonomia editorial da televisão pública. A sanção surgiu na sequência de um contrato assinado a 18 de julho, entre a presidente do CA e o administrador técnico da RTC, para a produção de um programa semanal de 52 episódios, no valor de 70 mil escudos por emissão, sem o conhecimento da direção da TCV.
A diretora explicou que só teve conhecimento do contrato depois de a produtora não conseguir entregar o programa para emissão. Face à situação, Dina Ferreira diz ter apelado ao “bom senso” do Conselho de Administração e informado que pediria parecer à ARC caso a administração mantivesse a decisão.
Em resposta, a presidente do Conselho de Administração afirmou que o processo era “transparente” e que se enquadrava no contrato de concessão da RTC, acrescentando que o não cumprimento das orientações poderia resultar na destituição de dirigentes.
Assim, a direção da TCV solicitou um primeiro parecer à ARC a 24 de julho, alegando “clara interferência” na esfera editorial da estação. Quatro dias depois, voltou a recorrer à entidade reguladora, depois de o CA ter impedido a realização de um programa sobre o desporto paralímpico, organizado pelo atleta Garcelindo Barbosa, no Tarrafal.
Dina Ferreira acrescentou ainda que outro episódio demonstraria ingerência do CA: a ordem para retirar da página oficial da RTC no Facebook uma nota de apoio a uma jornalista da TCV que estava a ser alvo de críticas públicas. Segundo a diretora, o mesmo episódio foi utilizado como argumento no processo disciplinar instaurado contra si.
A responsável lamentou que o Conselho de Administração tenha recorrido a “dados pessoais antigos”, referentes a 2002, para justificar a suspensão, considerando tratar-se de uma tentativa de “manchar” o seu bom nome e a carreira de 26 anos ao serviço da RTC.
Fonte: Inforpress













































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