Freskinhe Freskinhe

O Chefe de Estado cabo-verdiano afirmou que devemos ter “respeito por quem pensa diferente”. A solução, disse Neves, “não é aumentar o tom de voz, mas a força do argumento”. E, embora seja importante esgrimir argumentos, o Presidente da República considerou que o estado do país, e particularmente, do município da Praia, precisa, em primeiro lugar, de consensos para que haja mais justiça social, transparência e bem-estar comum. “Só assim iremos impulsionar o desenvolvimento local”.

José Maria Neves reconheceu a evolução positiva do município da Praia desde que, há 49 anos, foi elevada à categoria de município. O que este município é hoje, considerou o PR, é também “fruto do municipalismo, com ganhos económicos, sociais, e de afirmação da política local”.  Mas os ganhos do concelho que acolhe 30% da população de Cabo Verde devem ser “mais abrangentes”, nomeadamente na infraestruturação e mobilidade urbana, no ordenamento da orla marítima, no saneamento. Além disso, é preciso “uma gestão sã e prudente das finanças locais”, defendeu o Presidente da República.

Corroborando o Chefe de Estado, a presidente da Assembleia Municipal da Praia reconheceu que o concelho enfrenta “desafios sociais, urbanísticos, de segurança”, apesar do “trabalho meritório” dos órgãos municipais”. E, assim com José Maria Neves, Clara Marques apelou a um “pacto social”, que envolva o governo central, o poder local e a sociedade civil, para que Praia seja mais saudável e inclusiva.  Para cumprir este desiderato, “urge uma solução conjunta”, declarou a presidente da Assembleia Municipal da Praia.

Discursos crispados

Contudo, apontaram no sentido contrário os discursos feitos pelos demais integrantes da mesa da presidência, provocando reações de parte da plateia, que incluiu apupos, frases que visavam desestabilizar o orador, gritos de apoio e aplausos, sinal de falta de cultura cívica e de respeito pela diferença de que falou o Presidente da República.

A líder do grupo do MPD (Manuela Brito) declarou logo de início que “Praia não está bem, e nunca esteve tão mal, sem projetos ou obras relevantes. Não se governa nem para a cidade, nem para as pessoas, apenas para os votos”. “Praia serviu apenas de rampa de lançamento para outros voos”, disse Manuela Brito, que prometeu continuar a lutar porque acredita que “Praia tem futuro, com empreendimentos e serviços de qualidade”.

Já líder do grupo PAICV na Assembleia Municipal (Aquiles Barbosa), disse que os ganhos conseguidos por Praia “são visíveis”, mas reconheceu também que permanecem “vários desafios”, tais como “pessoas sem teto e sem saneamento básico”, os quais poderão ser vencidos “com o apoio e envolvimento de todos”, passando a solução pela aprovação de um estatuto especial para a cidade da Praia. “Não é razoável que ainda não se tenha alcançado este estatuto, e não fazer isso é hipotecas o futuro da Praia”, afirmou Barbosa.

O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, refutou as criticas da líder do grupo do MPD na AM, alegando que a avaliação do seu trabalho no mandato anterior “foi positiva”. “O mandato foi renovado, foi a aprovação do caminho que traçamos, colocar as pessoas no centro da governação local, abrangendo todas as classes socias e categorias profissionais”.