Terça-feira, 23 Setembro 2025

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Chefe de Estado apela à maturidade democrática e critica transformação de adversários políticos em inimigos

O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, dirigiu na noite desta quarta-feira, 17, um apelo contundente à sociedade cabo-verdiana através da sua página oficial no Facebook. Sob o título “Gostar da Política e Amar a Pátria”, o Mais Alto Magistrado da Nação propõe uma reflexão profunda sobre os valores democráticos e os rumos da convivência política no país.

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José Maria Neves alertou para os perigos da degradação do debate político, denunciando a crescente tendência de transformar adversários políticos em inimigos. “O poder democrático não pode ser uma questão de vida ou morte”, escreveu o Presidente, criticando o que designou por “necropolítica” — uma lógica de exclusão e destruição do outro que, segundo afirma, compromete a nobreza da política e o bem comum.

O Chefe de Estado sublinhou que esta deriva representa uma ameaça aos fundamentos da democracia, apelando à necessidade de preservar o caráter civilizacional do debate político.

Num claro apelo à maturidade democrática, o Presidente da República defendeu que “quem ama o seu país defende causas e debate ideias”. José Maria Neves reiterou a importância de uma política feita com amor, que inclua o adversário e se comprometa genuinamente com o serviço público, contrastando com práticas de exclusão e hostilização.

O Presidente lembrou que a democracia se realiza na dinâmica saudável entre poder e oposição, sempre com respeito pelas regras do jogo democrático e na busca de consensos a partir das divergências naturais de qualquer sociedade pluralista.

A mensagem presidencial destacou os valores essenciais que devem marcar as sociedades democráticas: polidez, responsabilidade, serenidade, decência e, sobretudo, patriotismo. “Sim, é preciso gostar da pátria”, afirmou José Maria Neves, reforçando que o amor ao país deve constituir o motor genuíno da ação política.

De forma original, o Presidente iniciou a sua reflexão com uma nota poética, afirmando que “é muito bom que continue a chover”, pois a chuva traz alegria, reduz tensões sociais e promove a fraternidade — elementos que considera essenciais para o bem-estar coletivo e a harmonia social.

Encerrando o repto, José Maria Neves defendeu que a política, quando exercida por vocação e com elevação moral, “abre caminho às liberdades, à deliberação democrática e à felicidade das pessoas”. Neste contexto, advertiu contra a tentação de deixar que “instintos animais” se sobreponham ao humanismo que, segundo afirma, distingue os grandes políticos e estadistas.

A publicação do Presidente da República surge num momento de crescente polarização política no país, representando um convite à reflexão sobre os rumos da democracia cabo-verdiana. Ao propor uma política mais humana, inclusiva e patriótica, José Maria Neves promove o diálogo como fator determinante na construção da coesão nacional.

O repto presidencial constitui assim um apelo à responsabilidade coletiva de todos os atores políticos e da sociedade civil, no sentido de preservar e fortalecer os valores democráticos que têm caracterizado a trajetória política de Cabo Verde desde a abertura democrática.

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