
“Nós mulheres temos muito a trocar. Temos experiências e soluções para cada desafio”, afirmou a atriz e ativista brasileira Camila Pitanga à margem da sua participação no Fórum Internacional Mulher e os Desafios do Desenvolvimento enquanto oradora do segundo painel, subordinado ao tema “Media e Representatividade Feminina”, destacando a importância do intercâmbio de experiências entre mulheres do eixo Brasil-África.
Em sua primeira visita a Cabo Verde, Camila Pitanga ressaltou o valor do diálogo estabelecido no fórum entre Brasil, Cabo Verde e Portugal, demonstrando particular interesse em conhecer os avanços cabo-verdianos, especialmente a lei de paridade de 2019, embora tenha alertado que só a lei não se sustenta e que é necessária vigilância constante para que essas conquistas se consolidem.
Audiovisual como ferramenta de transformação
Pitanga defendeu o setor audiovisual como pilar fundamental para as conquistas das mulheres, especialmente das mulheres negras. Segundo ela, é essencial que o audiovisual dê “espaço, território e poder” para as histórias dessas mulheres.
“Se queremos um mundo antirracista, que possa superar esse mundo colonizado, e patriarcal, precisamos que as histórias, a cultura, possam irradiar pela sensibilidade”, argumentou. A embaixadora da ONU Mulheres estendeu essa necessidade para além do audiovisual, incluindo teatro, dança, representação e literatura como artes que precisam ser fortalecidas para nós sermos vistas”.
A artista chamou atenção para a situação das mulheres negras na base da pirâmide social e económica, e destacou as empregadas domésticas e trabalhadoras de restaurantes que precisam ter respeito e dignidade.
Influência familiar no ativismo
Aos 47 anos, Pitanga atribuiu seu engajamento social à influência familiar, especialmente de seus pais, o ator António Pitanga e Vera Manhães, além de figuras como Benedita da Silva. “Sempre fui convocada a me pensar como cidadã e exercer a minha voz”, explicou, reconhecendo que sua visibilidade como atriz traz grande responsabilidade.
Ela citou o exemplo de seu pai, destacando como o cinema foi fundamental para sua emancipação como homem negro, servindo de espelho para sua própria trajetória no ativismo através das artes.
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