Quinta-feira, 16 Outubro 2025

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Cabo Verde monitoriza 39 áreas protegidas e recolhe 12 toneladas de lixo marinho, diz Tommy Melo

Cabo Verde monitorizou 39 das 47 áreas marinhas protegidas existentes no arquipélago e recolheu mais de 12 toneladas de resíduos no último ano. Estas informações foram avançadas ontem, 10, pelo presidente da Biosfera, Tommy Mello, durante a IV Conferência da Década do Oceano da Presidência da República, na ilha do Fogo, onde destacou os avanços na proteção costeira, na literacia oceânica e no combate aos plásticos entre 2024 e 2025.

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Segundo Tommy Melo, foram recolhidas mais de 12 toneladas de resíduos nas ilhas habitadas, através de uma centena de campanhas de limpeza realizadas de norte a sul do país. Cerca de tonelada e meia deste lixo foi transformada em material reciclado.

Na ilha desabitada de Santa Luzia, a maior área marinha protegida nacional, foram removidas 40 toneladas de detritos entre 2024 e 2025. Desde 2011, a Biosfera estima que permaneçam mais de 400 toneladas de lixo na ilha, cuja remoção está prevista no âmbito do projeto nacional “Ilhas Mais”.

As comunidades costeiras beneficiaram de apoio para desenvolver alternativas económicas sustentáveis, como a transformação de resíduos plásticos em artesanato e atividades ligadas ao ecoturismo. No Porto Mosquito, a extração de areia foi substituída pela criação de gado.

De acordo com o presidente da Biosfera, das 47 áreas protegidas existentes no arquipélago, 39 encontram-se atualmente sob monitorização ativa. O biólogo propôs quatro novos planos de gestão e identificadas outras quatro zonas com potencial para se tornarem áreas marinhas protegidas no futuro.

A monitorização abrange a totalidade das ilhas e ilhéus cabo-verdianos, com especial atenção para oito espécies de aves marinhas, cinco espécies de tubarões e raias, além de tartarugas marinhas e recifes de coral.

Mais de seis mil alunos envolvidos na causa do oceano

De acordo com Tommy Melo, no âmbito da literacia oceânica, 46 escolas de todo o país participaram em programas de sensibilização e alcançou mais de seis mil estudantes. As ações recorreram a rádios comunitárias, programas televisivos, podcasts e conteúdos digitais difundidos nas redes sociais e na televisão nacional.

Afirmou ainda que, as organizações não-governamentais cabo-verdianas apostaram em tecnologias inovadoras como drones para mapeamento costeiro, sistemas de GPS para rastrear tartarugas e tubarões, câmaras submarinas e análise de DNA ambiental para identificar espécies marinhas.

Formação e cooperação internacional

No que tange à formação e cooperação, Melo explicou que, mais de 400 guardas de praia receberam formação em 2024, complementada por oito programas em diferentes ilhas e 25 especializações em áreas diversas. O ano ficou também marcado pela realização de vários cruzeiros científicos que geraram dados para melhorar a conservação da biodiversidade marinha.

O Instituto do Mar implementou o projeto Circular Ocean, dedicado à gestão do meio marinho costeiro, e Cabo Verde avançou com a proibição do plástico de uso único. O país ratificou ainda o tratado internacional sobre a biodiversidade marinha em alto mar (BBNJ) e reforçou o cumprimento da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

Tommy Mello terminou a sua intervenção com um apelo: “Não nos esqueçamos de continuar na direção certa, pois essa é a única coisa que nos garante que a nossa consciência face às futuras gerações estará, pelo menos, um bocadinho mais leve”.

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