Sábado, 18 Outubro 2025

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Cabo Verde tem ecossistema de financiamento robusto para a Diáspora, dizem especialistas

Cabo Verde dispõe de um ecossistema de financiamento diversificado, capaz de apoiar os emigrantes que pretendam investir no país, defenderam ontem, 16, na cidade da Praia, no âmbito do Congresso Internacional de Quadros Cabo-verdianos, os especialistas e representantes de instituições financeiras convidados a falar sobre “Diáspora, Economia, Investimento e Mercado de Capitais”. 

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Marcos Rodrigues, presidente da Câmara de Comércio de Sotavento, abriu o debate, sublinhando que “a integração dos cabo-verdianos da diáspora não pode ser adiada” e que deve ser “uma integração plena, não apenas económica”. Rodrigues destacou que a diáspora representa “uma força humana, intelectual, cultural e diplomática”, citando o exemplo recente dos “Tubarões Azuis” como demonstração do valor desta integração.

“As pessoas não fazem ideia de quantos bilhões de dólares significa a vitória dos Tubarões Azuis. Cada notícia que passa na BBC, na Fox News, em todos os canais de televisão, tem um preço. São bilhões de dólares de promoção internacional. Nunca como agora Cabo Verde foi tão promovido no mundo”, afirmou Rodrigues, acrescentando que este valor “dependeu muito do esforço da diáspora”, uma vez que grande parte dos jogadores que integram a seleção nacional de futebol são ou vivem na diáspora.

O presidente da Câmara de Comércio de Sotavento apontou ainda que a língua é uma barreira à plena integração, e defendeu que “o nosso caminho tem de ser feito numa atitude positiva, de integração, e essa integração é feita maioritariamente pelo esforço da diáspora”.

Jailson Oliveira, presidente do Conselho de Administração da Cabo Verde TradeInvest, apresentou uma panorâmica detalhada das oportunidades de investimento disponíveis para a diáspora, enfatizando que “o emigrante tem que também pensar mais além” das remessas tradicionais.

Oliveira destacou que o principal setor económico do país, o turismo, está “muito concentrado no turismo de sol e praia”, mas sublinhou o potencial da diversificação desse setor. “Cabo Verde são 10 ilhas. Temos um leque de opções para diversificar o turismo: a nossa cultura, aventuras, o nosso verde, toda a natureza – um conjunto de criações que podem ser feitas nessa vertente”, explicou o presidente do CA da .Cabo Verde TradeInvest. 

Oliveira defendeu também que “somos um país rico”, mas precisamos ainda “chegar a esses recursos”, e apontou oportunidades na aquacultura, nos serviços marítimos e no turismo náutico.

O presidente do CA da Cabo Verde TradeInvest destacou sobretudo o potencial do setor energético: “Enquanto pequeno país que importa combustível, temos Sol em abundância, vento em abundância. Temos um quadro regulatório muito avançado neste setor, que permite ações privadas dos nossos emigrantes na produção de energia, armazenamento e eficiência energética”.

No setor industrial, o responsável da TradeInvest apontou o agronegócio, a produção têxtil e de calçado, e a conservação de pescado como áreas prioritárias. “Cabo Verde beneficia de acordos preferenciais com a União Europeia, com a CEDEAO, com o mercado africano, com os Estados Unidos. Focando apenas na União Europeia, Estados Unidos e a região da CEDEAO, estamos falando em cerca de mil milhões de consumidores. É difícil falar que não temos mercado. Temos. Precisamos estar organizados”, defendeu.

Um dos pontos altos da apresentação de Jailson Oliveira foi o esclarecimento sobre o ecossistema de financiamento disponível em Cabo Verde. “Muitas vezes, o problema do investidor é que ele acha que tem que acumular todo o recurso necessário. Não. Nós temos um setor financeiro a que podem aceder”, explicou.

O presidente da TradeInvest detalhou que o setor financeiro nacional exige “alguma equity”, mas esclareceu: “Se tiver 20 a 30% daquilo que é o valor do capital necessário para o investimento, qualquer banco da praça acompanhará o seu projeto de investimento”.

Além da banca comercial, Oliveira mencionou “um conjunto de players dentro do ecossistema que vai desde equity para empresas, grants, fundos de capital, o fundo soberano e a própria Bolsa de Valores”, além de instituições financeiras internacionais para projetos alinhados com as estratégias de desenvolvimento do governo.

Jailson Oliveira anunciou ainda que Cabo Verde está a trabalhar na criação de novos instrumentos financeiros específicos para a diáspora, como a “Diaspora Bond”, além de “plataformas e clubes de investimentos que permitirão ao emigrante colocar o seu recurso financeiro ao serviço da economia nacional”.

O presidente da TradeInvest sublinhou que o país olha “para a diáspora não apenas enquanto investidor, mas também como embaixador e mentor”. Neste contexto, apelou a um maior envolvimento dos residentes em Cabo Verde: “Esperava ter mais nacionais, mais residentes cá nestas atividades. Se é um encontro de quadros, não pode ter só quadros que vivem na diáspora. A questão do networking é que falta. Precisamos estar mais próximos”.

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