O Estádio Nacional da Praia foi palco de uma tarde/noite histórica para o futebol cabo-verdiano. Com um golo de Daylon Livramento aos 54 minutos, Cabo Verde venceu os Camarões por 1-0 e ficou a apenas uma vitória de garantir a sua primeira participação numa fase final de um Campeonato do Mundo de futebol. Bubista, o selecionador nacional, e seus pupilos acreditam que o feito está ao seu alcance.
O momento que pode ter mudado para sempre a história do futebol cabo-verdiano aconteceu quando Daylon Livramento recuperou a posse de bola ainda no meio-campo cabo-verdiano, avançou pelo terreno e desferiu um remate que se revelou indefensável para o experiente guarda-redes André Onana, dos Camarões. “Já joguei em muitos palcos, mas este foi especial”, confessou o herói da noite após o encontro, visivelmente emocionado com a conquista que aproxima Cabo Verde do sonho mundial.
Com esta vitória, Cabo Verde reforça a liderança do Grupo D com 19 pontos, mantendo agora quatro pontos de vantagem sobre os Camarões (15 pontos) e cinco sobre a Líbia (14 pontos), que na segunda-feira venceu o Eswatini por 2-0. Faltando apenas duas jornadas para o final da fase de qualificação africana, os “Tubarões Azuis” dependem apenas de si próprios para alcançar a histórica qualificação. Em outubro, a seleção visitará a Líbia e receberá o Eswatini para concluir o Grupo D.
A euforia tomou conta do Estádio Nacional após o apito final. Milhares de adeptos invadiram o relvado numa festa que durou vários minutos, celebrando aquele que pode ser o passo definitivo rumo ao Mundial 2026. Entre a multidão em festa, o guarda-redes Vozinha, sublinhou a importância do momento: “É um passo importante rumo ao apuramento para o Mundial. É uma coisa que procuramos há muito tempo, mas ainda não ganhamos nada. É um passo importante para conseguir o sonho que é de todo cabo-verdiano”.
O selecionador nacional, Bubista, não escondeu a emoção após o encontro: “Estando a uma jornada da classificação, é incrível. A nossa equipa tem demonstrado um fair play incrível em todos os jogos, o que demonstra a saúde da seleção e união, mostrando que a equipa quer ganhar com fair play e representar o nosso país”. Para o antigo internacional cabo-verdiano, “nós somos pequeninos, mas podemos enfrentar qualquer um. Acho que temos feito isto em África – enfrentar qualquer equipa que tem muito mais condições do que nós. Este grupo de jogadores está de parabéns não só por aquilo que fizeram hoje, mas por aquilo que têm feito durante os últimos anos”.
O Mundial 2026, que decorrerá entre 11 de junho e 19 de julho, será histórico por várias razões. Pela primeira vez, contará com 48 seleções participantes e será organizado de forma tripartida pelos Estados Unidos da América, México e Canadá. Em África, o sistema de qualificação divide os 54 países em nove grupos de seis seleções cada. Os vencedores de cada grupo apuram-se diretamente, enquanto os quatro melhores segundos classificados disputarão uma “final-four” que decidirá a equipa africana a participar numa repescagem intercontinental.
Para um país insular com pouco mais de 500 mil habitantes, a possível qualificação para o Mundial representa muito mais do que futebol. É o culminar de um projeto que tem vindo a crescer e a ganhar respeitabilidade no panorama continental africano. Como frisou Bubista, esta é “uma vitória para todo o povo cabo-verdiano que está orgulhoso da sua equipa”. Resta agora cumprir a formalidade nos dois últimos jogos da qualificação para transformar o sonho em realidade.
A história pode estar mesmo à porta para os “Tubarões Azuis” de Cabo Verde.
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