
Vinte e três mulheres concluíram ontem, 9, na cidade da Praia, a formação “Assistente de Família”, cujo objetivo é empoderar as formandas nos quesitos “saber ser, saber fazer, e saber ter”, bem como capacitá-las para negociar melhores condições de trabalho doméstico e criar o seu próprio negócio. Uma parceria entre a Fundação Dretu e a Liga Nazarena de Solidariedade que culminou na entrega de certificados de reconhecimento às formandas.
A primeira dama e presidente da Fundação Dretu, Débora Carvalho, presidiu a cerimonia de encerramento do evento, destacando a importância da valorização do trabalho doméstico em Cabo Verde. “Esta iniciativa que já vai na sua terceira edição será ampliada para chegar às comunidades. Nós sentimos que há um grande impacto, estamos muito orgulhosos desta terceira edição”, reiterou Débora Carvalho.
A terceira edição da Formação de Assistentes de Família surge como resposta às necessidades do setor doméstico com foco em melhorar as condições de trabalho das mulheres. A presidente da Fundação Dretu explica que a formação teve duração de três meses, estruturada em três fases distintas. O primeiro mês centrou-se no “saber ser” – desenvolvimento pessoal e inteligência emocional, gestão de trauma, aspetos que as participantes mais valorizam. “Temos várias assistentes que nos dizem: “Aprendi a ser mais afetuosa em casa e já noto uma diferença no relacionamento com os meus filhos'”, revelou Débora Carvalho.
O segundo mês abordou o “saber fazer” – competências técnicas, incluindo cuidado de crianças e idosos, com experiências práticas no ramo da culinária em embaixadas e hotéis, parceiros desta iniciativa. E o terceiro mês focou-se em “saber ter”, ou seja, saber lidar com os ganhos financeiros, bem como adquirir conhecimento na gestão de pequenos negócios.
“Temos muitos relatos de exploração laboral. Mulheres que trabalham das sete da manhã às sete da noite, incluindo sábados, por um salário mínimo”, denunciou a Primeira Dama, revelando uma transformação no perfil das trabalhadoras domésticas cabo-verdianas. A maioria das participantes quer agora gerir o próprio negócio, procurando flexibilidade laboral para conciliar com as responsabilidades familiares.
“Muitas cuidam de familiares com necessidades especiais, de avós, têm filhos. Precisam desta flexibilidade laboral”, explicou a primeira dama: “Querem trabalhar dias alternados, com horas pré-contratualizadas, em vez de trabalhar a tempo inteiro numa residência”.
Impacto da formação na vida das mulheres e expansão do projeto
Débora Carvalho diz que algumas participantes já manifestaram interesse em áreas específicas, e que a Fundação Dretu mantém um acompanhamento personalizado após a formação, ajudando as mulheres a encontrar emprego consoante as suas preferências ou apoiando aquelas que pretendem criar negócios próprios.
O programa conta com parceiros voluntários, incluindo empresários, advogados, enfermeiros, psicólogos, hotéis, embaixadas, bancos, que ofereceram formação gratuita em gestão financeira e experiencias práticas em diversas áreas.
Face ao sucesso das três edições da formação, a Primeira Dama anunciou a expansão do programa para São Vicente ainda em 2025, estando já em contato com parceiros locais para alargar esta iniciativa de combate à exploração laboral no setor doméstico cabo-verdiano e dar espaço para o empoderamento feminino no país.
Daniela Garcia, uma das formandas, diz-se satisfeita com a iniciativa e revela ganhos principalmente a nível emocional, além de se sentir melhor capacitada para investir no seu próprio negocio. “Foram três meses de luta, mas conseguimos alcançar os nossos objetivos”, afirmou.
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