Quinta-feira, 05 Junho 2025

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Fórum Mulher: “Olhares Femininos do Audiovisual Cabo-verdiano” emociona público

A sessão de cinema “Olhares Femininos do Audiovisual Cabo-verdiano” teve lugar ontem, 28 de maio, no Auditório da Garantia, em Chá d’Areia – Praia, e emocionou o público com uma mostra de curtas-metragens realizadas por cineastas cabo-verdianas. O momento, promovido pelo coletivo Nhanha no âmbito do evento Fórum Mulher e os Desafios do Desenvolvimento, teve como objetivo despertar a reflexão sobre a realidade do país através do olhar sensível e firme das mulheres no audiovisual.

Maria Graça, administradora da EME – Marketing e Eventos, empresa copromotora do evento, classificou a noite como marcante e elogiou o trabalho do coletivo Nhanha, descrevendo-o como “uma força da natureza”. Salientou ainda a ausência de salas de cinema no país e a falta de hábito da população em assistir a filmes nestes espaços, questionando: “Como se vê o futuro desta bonita arte se não há acesso fácil a este tipo de conteúdo?”

Foram exibidas cinco curtas-metragens que marcaram a sessão e deram voz ao olhar feminino sobre diferentes realidades cabo-verdianas: Sonho do Narrador, de Emília Wojciechowska; OJI, de Artemisa Ferreira; Mansu Mansu; Mama, de Nathalie Cazzaro; e A Primeira Pessoa, de Míriam Carvalhão. Cada filme trouxe temáticas profundas e universais, reveladas através de perspetivas sensíveis, críticas e autênticas das suas autoras.

A plateia, composta por dezenas de pessoas, reagiu com entusiasmo e emoção. Muitos, nas suas intervenções durante o momento de reflexão, afirmaram que estes filmes retratam fielmente a realidade de Cabo Verde. “Deviam passar em todos os meios de comunicação, para que todos possam ver e refletir”, partilhou um dos presentes. Várias vozes reforçaram a importância de dar visibilidade a estas produções e a outras obras realizadas por mulheres cabo-verdianas.

Natasha Craveiro, representante do coletivo Nhanha e realizadora, afirmou estar surpreendida com a sala cheia: “Foi uma grande oportunidade. Quem tem a missão de partilhar sente-se realizado ao ver esta resposta do público. Temos uma cena clube, mas não temos uma audiência fixa. Hoje vimos que há interesse por este tipo de filme”.

Natasha destacou ainda as dificuldades de ser mulher no setor audiovisual em Cabo Verde: “É extremamente difícil, há muitos obstáculos. Um deles é precisamente o facto de sermos mulheres. Mas somos persistentes. Entramos neste mundo para ficar”. A realizadora partilhou também a emoção de ver o público sensibilizado com os filmes: “Para mim, cinema é sentir. E ontem sentimos que tocámos as pessoas”.

A sessão fez parte da programação preparatória para o Fórum Mulher e os Desafios do Desenvolvimento, que será realizado amanhã, 30 de maio, e que promete continuar o debate sobre o papel das mulheres na construção de um futuro mais justo, inclusivo e representativo.

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