Segunda-feira, 23 Junho 2025

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Antigo presidente do júri do PNP, Joel Zito Araújo, ganha prémio no Festival In-Edit Brasil

O documentário sobre a companhia Brasiliana, realizado por Joel Zito Araújo, que já foi presidente do Prémio Nacional de Publicidade, promovido pela EME – Marketing e Eventos, em Cabo Verde, conquistou o prémio de melhor filme no Festival In-Edit Brasil, considerado o mais importante festival de cinema documentário musical do país.

A obra cinematográfica resgata a história da emblemática companhia de teatro de revista que, durante mais de 25 anos, percorreu mais de 90 países, levando a cultura afro-brasileira aos quatro cantos do planeta.

A Brasiliana, formada por artistas negros oriundos das periferias de cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Recife, apresentava espetáculos cénicos de dança baseados no candomblé, maracatu, samba, capoeira, carnaval e outras manifestações culturais populare típicas do Brasil. Apesar do enorme sucesso internacional, a companhia permaneceu largamente desconhecida no próprio Brasil.

“Fico feliz com o prémio porque vejo-o mais para os integrantes do Brasiliana do que para mim e a minha equipa. É, de certa forma, um meio de dar visibilidade ao que precisava estar visível há muito tempo. Viva Brasiliana!”, declarou Joel Zito, realizador do documentário.

O filme aborda um capítulo fundamental da história cultural brasileira que enfrentava dificuldades em ser contado. Segundo o documentário, dois fatores contribuíam para este esquecimento: o facto de a Brasiliana ter sido formada por pessoas negras periféricas e a natureza do seu espetáculo, que narrava “o que não devia ser contado” – a história do negro e da cultura negra no Brasil, desde os navios negreiros até ao sucesso do carnaval.

Esta representação do Brasil através da população negra distanciava-se significativamente dos interesses da elite política e económica, que sempre desenvolveu uma política de branqueamento racial e cultural do país.

Para a construção desta narrativa histórica, foram entrevistados ex-bailarinos e ex-bailarinas, empresários e pessoas que participaram na companhia, bem como em outras companhias de teatro de revista do mesmo género criadas na Europa após o término da actividade da Brasiliana, como a Brasil Tropical e o Festival do Brasil.

O documentário não apenas recupera a memória da Brasiliana, como também marca passagens importantes da historiografia cultural brasileira, evidenciando o papel crucial que esta companhia desempenhou na difusão da cultura brasileira na Europa e no mundo.

 

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