Chegamos à terceira e última parte da grande entrevista feita ao investigador William Vieira e ao biografado da obra “Vida e Obra de Orlando Mascarenhas”. Depois de ouvirmos cada um em separado, reunimos agora as suas vozes num diálogo que ilumina o processo biográfico e revela cumplicidades, memórias e visões partilhadas.
Por: Teresa Sofia Fortes
Voz do Archipelago (VA) – Como foi a colaboração entre o autor e o biografado durante a construção do livro? Foi tudo pacífico ou algum momento de dessintonia?
Orlando Mascarenhas (OM) – A colaboração foi sempre pacífica porque nós, desde sempre, nos entendemos muito bem. A elaboração do livro é uma iniciativa do autor, que eu abracei com muito prazer e com muita entusiasmo. Consequentemente, deixei ao autor a condução de todo o processo do livro. Naturalmente, eu dei a minha colaboração lá onde era necessário, sempre que ele tinha necessidade de algumas informações e eu dei essas informações para ele trabalhar da forma como ele julgou a melhor. Por isso, a relação foi a melhor e tem sido sempre.
William Vieira (WV) – Penso também que o fator que nos une é a alma. Não é uma questão de o Sr. Orlando estar hoje com os seus 90 anos e eu com os meus 35. Sim, não estou a falar do aspeto físico, mas sobretudo do intangível.
VA – Nesse processo de construção do livro, há algum episódio que vocês se recordam e que foi marcante para os dois?
OM – Todo o livro é um complexo que me emociona porque eu me vejo retratado nessa biografia excelentemente apresentada pelo autor. Eu me revejo aí, mas devo dizer que as minhas atividades por si me emocionam, todas elas.
VA – Antes de terminarmos, gostaria que fizessem um convite aos potenciais compradores/leitores do livro. Como os convenceriam a comprar/ler o livro?
WV – O livro não trata apenas da figura central de Orlando Mascarenhas, mas, também, da história de Cabo Verde. E se trata também da edificação de um país que necessitava, de certa forma, criar estruturas e alicerces para que tivesse o seu normal funcionamento. Falamos do passado de Cabo Verde, tocando na questão da fome, da falta de acesso à educação e à saúde e elementos básicos como luz, água. Ou seja, está lá plasmada no livro a história de Cabo Verde, que se confunde com a história de Orlando Mascarenhas. Assim, eu convido a todos a celebrar a história do país e também, igualmente, celebrar todo o percurso de mais de 77 anos de Orlando Mascarenhas ao serviço de Cabo Verde, um contributo indelével e sui generis para o desenvolvimento do país.
OM – Eu convidaria todos a participarem no lançamento porque o livro traz a história da minha vida, mas, também, o processo de construção do país a vários níveis – desportivo, social, empresarial. O livro também contém testemunhos de personalidades extremamente importantes que fazem um retrato do que foi a vivência das atividades desenvolvidas ao longo desse período. Portanto, eu penso que há elementos bastante interessantes.
