A Universidade de Jean Piaget, na Praia, realiza durante o mês de julho, a primeira colónia de férias que incluiu formação em língua gestual cabo-verdiana para 45 crianças ouvintes, numa parceria com a Associação Nacional de Apoio a Estudantes com Deficiência no Ensino Superior e Profissional de Cabo Verde (ADESP-CV), nas instalações da universidade.
Por: Reníbly Monteiro
O objetivo desta colónia é, através de atividades práticas e formação especializada, facilitar a interação com crianças dos 6 aos 12 anos, com problemas auditivos e promover a inclusão. Visa também estimular a empatia e a diversidade através do contacto com a língua gestual, a fim de aumentar a consciência e o respeito pelas diferenças e promover a inclusão e a valorização da diversidade.
A iniciativa incluiu também formação para professores, para que estes possam estar preparados para atender alunos com deficiência auditiva, e reforçar assim a capacidade institucional de apoio a estudantes com necessidades especiais. Segundo a professora do Gabinete de Psicologia da Universidade Jean Piaget, Jaqueline Pereira, a ideia surgiu a partir dos alunos cegos e surdos da universidade que criaram a ADESP-CV. “Esta associação visa dar informações a outras pessoas, a alunos, a quem tiver interesse em conhecer a língua gestual. Aproveitámos que as crianças são muito interessadas e muito participativas para chamar os alunos da associação para fazerem esta atividade”, explica Jaqueline Pereira.
A docente revelou ainda que a procura excedeu as expectativas e que a universidade já equaciona novas edições da iniciativa. “Não conseguimos aceitar mais crianças, todos os dias temos pais a pedirem, mas neste momento já estamos completamente cheios”, diz a psicóloga. Na mesma ótica, a presidente da ADESP-CV, Marlise de Barros, sublinhou que o objetivo principal consiste em “ensinar as crianças a lidarem com as diferenças existentes na sociedade”. A responsável explicou que as crianças ouvintes vão ser ensinadas a língua gestual para que possam comunicar com as pessoas com deficiência auditiva, evitando assim o isolamento que frequentemente se verifica.
“As crianças, por exemplo, ouvintes isolam-se das pessoas com deficiência e, por isso, estamos a trabalhar nesse sentido de as pôr em contato com as pessoas com deficiência, para que não se isolem, porque, apesar das diferenças existentes na sociedade, temos que interagir uns com os outros”, acrescenta Marlise de Barros.
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