Menos de 30% das mulheres trabalham em setores tecnológicos a nível global. Apenas 20% ocupam posições de liderança. Estes números estiveram no centro do debate do EmpoderaTECH – Cabo Verde International Summit, evento realizado hoje, 16, na Cidade da Praia, que reuniu líderes nacionais e internacionais para confrontar a disparidade que compromete a qualidade das soluções tecnológicas desenvolvidas no país.
A Diretora Nacional da Women in Tech Cabo Verde, Mayra Silva, advertiu, em declarações à imprensa, que a ausência de mulheres no desenvolvimento tecnológico perpetua algoritmos tendenciosos, criados exclusivamente por homens. “O mundo inteiro precisa desta mudança”, afirmou, sublinhando que o desequilíbrio transcende uma questão de justiça social: trata-se de uma necessidade estratégica para um desenvolvimento tecnológico equilibrado e inclusivo.
A juventude cabo-verdiana surge como alvo prioritário desta mobilização. Mayra Silva salientou que muitos jovens ainda não encaram a tecnologia como um setor de oportunidade ou como prioridade nacional, uma lacuna que compromete o futuro do desenvolvimento do arquipélago.
Por sua vez, o ministro da Promoção de Investimentos e Fomento Empresarial, Eurico Monteiro, reconheceu que Cabo Verde enfrenta “maiores dificuldades e obstáculos” no que tange ao empoderamento feminino digital. Apesar de existir a presença feminina no setor, o domínio masculino permanece significativo, designadamente a falta de acesso a oportunidades e os problemas de equidade. Defendeu ainda que estas barreiras podem ser ultrapassadas através de medidas de incentivo conjugadas com esforços de consciencialização, como os desenvolvidos pela Women in Tech
Monteiro apelou a um reforço nos investimentos em formação especializada através de universidades, institutos e centros de investigação, alertando que a competitividade do mercado global exige uma resposta estruturada e imediata.
Temas abordados durante o evento
Ao longo do evento, especialistas e advogados debateram especificamente se a inteligência artificial funcionará como acelerador ou como obstáculo ao empoderamento feminino no setor. A agenda incluiu ainda discussões sobre o futuro da educação em tecnologia, a união de gerações na era digital e o papel da criatividade e da inteligência artificial no futuro da arte.
Ambos os oradores convergiram uma única e importante conclusão: transformar a realidade das mulheres em tecnologia em Cabo Verde demanda esforço coletivo, envolvendo mulheres, homens e toda a sociedade civil. O trabalho de empoderamento feminino digital não é responsabilidade de um grupo isolado, mas uma agenda comum de mudança estrutural que o país não pode adiar.
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