Os mais antigos dizem que os jovens de hoje não querem fazer da agricultura o seu modo de vida. A ser verdade, Eclisângelo Mendes Barbosa, mais conhecido por “Ginix”, está na contramão: é do cultivo da terra que este jovem da zona norte do concelho de São Filipe tira o seu sustento e o de cerca de 20 de pessoas, a quem dá emprego nos seus terrenos agrícolas e nas suas lojas de venda de frutas, legumes e derivados da agricultura.
Por: Teresa Sofia Fortes
Tudo começou num pequeno terreno dos pais, com uma área de 250 metros quadrados, que tem a vantagem de ter perto um reservatório de água, propriedade do Ministério da Agricultura. Com os rendimentos arrecadados na exploração desse terreno, Ginix fez novos investimentos, ampliando a parcela irrigada, graças ao crédito obtido junto de instituições de microfinanças, e apostando na sua formação na área de negócios.
Apesar de vários obstáculos, Ginix conseguiu concretizar as suas ideias de negócios. Agora é proprietário de terrenos e de lojas de frutas, legumes e derivados da agricultura, assim como de um restaurante. Ao todo, tem ao seu encargo cerca de 20 empregados, 10 pessoas na cidade de São Filipe e outros tantos no interior do concelho. Também está a planear adquirir mais terrenos para criar novas parcelas de agricultura.
Para driblar a irregularidade que há anos é a tónica nos transportes marítimos de e para a ilha do Fogo e, por conseguinte, a perda das suas produções, Ginix está a equacionar adquirir mais câmaras de frio. E porque a aquisição desses equipamentos implica um aumento da factura da eletricidade, o jovem empreendedor vai também investir na instalação de um sistema de energia renovável.
Este espírito empreendedor de Ginix, bem como o seu apego à terra e à agricultura, em particular, rendeu-lhe há um par de anos uma condecoração pelo então Presidente da República, Pedro Pires. A justificação, embora não pareça óbvia, é bem fundamentada. É que, apesar de não ser um caminho que os jovens pareçam querer escolher hoje, a agricultura, é um pilar tão essencial à sociedade como a saúde, a educação e a habitação.
É a agricultura a responsável pela produção dos alimentos que consumimos. Ora, Cabo Verde importa parte considerável dos legumes e frutas que consome, mas deve mudar de rota, apostar na autossuficiência, pois a produção alimentar endógena é meio caminho andado para garantir a sua sustentabilidade, a saúde da sua população e a justiça de mercado. Por isso, Cabo Verde devia incentivar as gerações mais jovens a conhecer e optar pela agricultura.
Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados.