A marca de streetwear cabo-verdiana BLACKO, fundada por três jovens da diáspora, sediada em Lisboa, lançou a “Coleção Libertason”, uma linha especial de vestuário que homenageia os heróis da independência de Cabo Verde, e celebra os 50 anos da liberdade de Cabo Verde alcançada a 5 de julho de 1975, através de t-shirts, bonés e pochetes com simbolismo histórico que conecta as novas gerações às suas raízes culturais.
Kevin Mendes, um dos fundadores da BLACKO ao lado de Bruno Melo e Janilson dos Santos, explicou ao jornal Voz do Arquipélago que “BLACKO é mais do que roupas e acessórios, é um movimento de expressão, resistência e ligação à terra”. A marca, que nasceu em São Vicente no final de 2020 e transferiu a sede para Lisboa com a emigração dos fundadores, posiciona-se no mercado internacional como uma referência das raízes e criatividade cabo-verdianas.
Uma homenagem aos libertadores da pátria
A “Coleção Libertason” destaca-se pelo seu rico simbolismo histórico, coloca em evidência o ano de 1975 e figuras centrais da luta pela independência. O design inclui Josefina “Zezinha” Chantre, que representa as mulheres na luta pela liberdade e igualdade, Amílcar Cabral, idealizador do movimento independentista, o Comandante Pedro Pires, primeiro Primeiro-Ministro pós-independência, e Aristides Pereira, co-fundador do movimento de libertação e primeiro Presidente da República.
“A ideia surgiu do desejo de homenagear um momento histórico que marcou profundamente a identidade cabo-verdiana”, revelou Kevin Mendes na entrevista. “É uma homenagem às gerações de cabo-verdianos, aos anónimos, aos poetas, aos escritores, aos músicos que sonharam com a independência”, acrescentou.
Movimento cultural além da moda
A BLACKO transcende o conceito tradicional de marca de vestuário, funcionando como um movimento cultural que conecta gerações e preserva a identidade das ilhas. O símbolo da pata de lobo, escolhido pelos fundadores, representa união, liberdade e fidelidade, valores transmitidos através do slogan “Veste uma Vibe, veste uma raça”.
A marca já conta com um historial de colaborações significativas, tendo estabelecido parcerias com diversos artistas cabo-verdianos, incluindo DJ BlackPower, o saxofonista Txoba, os cantores Rhymes, Priest e Kiddye Bonz, o artista Delvis Reis do PontKultural e o poeta David “Galileu” Ribeiro.
Estratégia de valorização cultural
Kevin Mendes sublinha que “cada produto é enquadrado numa coleção que carrega uma mensagem e uma identidade especial, é isso que torna a BLACKO e os seus produtos únicos e exclusivos”. Para além da “Coleção Libertason”, a marca já lançou outras linhas como a “Coleção Nhas Gente”, que celebra personalidades marcantes da cultura cabo-verdiana como KME DEUS e CACÓI.
Os fundadores afirmam que pretendem “valorizar a nossa história, relembrar alguns heróis nacionais e despertar um espírito crítico e consciente da comunidade BLACKO”. O objetivo centra-se em conectar os cabo-verdianos da diáspora com as suas origens e manter viva a ligação cultural com o arquipélago.
Projetos futuros
Para 2025, a marca já tem projetada uma nova coleção, mantendo o compromisso de ser “guardiã da cultura cabo-verdiana” e de apresentar às novas gerações figuras que marcaram a sociedade e cultura das ilhas. A BLACKO, que pode ser acompanhada através do Instagram @blacko.cv, representa uma nova geração de empreendedores cabo-verdianos que utilizam a moda como veículo de expressão cultural e identitária.
Neste ano em que se celebra os 50 anos da independência, a mensagem da BLACKO é clara: a juventude cabo-verdiana não esquece as suas raízes e usa a criatividade para manter viva a chama da identidade cultural, seja em São Vicente, Lisboa ou qualquer outro canto do mundo onde bata um coração cabo-verdiano.
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