Quinta-feira, 10 Julho 2025

A análise de Alex Sgreccia

Governo Trump, a escalada autoritária

O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou posse no dia 20 de janeiro. O evento despertou enorme interesse e inquietação. A inquietação vinha sobretudo do fato de Trump assumir o mandato com desmesurado poder para implementar o projeto político que coloca a democracia sob sério risco nos Estados Unidos. Trump venceu no voto popular e no colégio eleitoral, tem a maioria nas duas casas do Congresso, o partido republicano conseguiu a maioria dos governadores, a Suprema Corte é majoritariamente conservadora. O presidente galvanizou os eleitores, especialmente do interior predominantemente rural e das áreas desindustrializadas entre as costas Leste e Oeste, com o discurso de trazer de volta o sonho americano - “Fazer a América Grande Novamente” (Make America Great Again) -, uma era de prosperidade, de supremacia militar, branca e hétero, e de prioridade às questões nacionais. No imaginário dos eleitores, Trump é o herói que sobreviveu ao atentado por proteção divina e se ergue de punho em riste e olhar desafiador conclamando: Lutem!

As declarações feitas pouco antes da posse de anexar o Canadá e ocupar a Groelândia, a composição do governo, e a imprevisibilidade do novo ocupante da Casa Branca, aumentaram a  inquietação.  O principal bordão de campanha de Trump é uma repaginação do slogan originariamente usado por Ronald Reagan nos anos oitenta, período em que os Estados Unidos estavam mergulhados em profunda crise econômica. O ideário neoliberal, consolidado no Consenso de Washington, um novo padrão de acumulação lastreado na produção enxuta, na globalização e na ofensiva do capital contra o trabalho, foram a resposta à crise, na época.

Regiões inteiras de industrialização antiga foram abandonadas pelas empresas em busca de “green fields”, territórios livres da ação sindical, deixando um lastro de abandono e desolação nos chamados “cinturões de ferrugem”. Parte significativa do parque industrial foi transferida para o México e para a Ásia, transformando a China na nova fábrica do mundo, que agora invade o mercado norte-americano com produtos baratos.

Empresários chineses compram fábricas fechadas nos Estados Unidos e implementam relações de trabalho degradantes, “ensinando os americanos como trabalhar e produzir.” Outras empresas estrangeiras chegaram para conquistar espaço, como a brasileira JBS, que monopoliza o mercado de carnes e submete tradicionais criadores de gado a transações draconianas.

Os Estados Unidos continuam a ser maior potência econômica do mundo, com setores industriais pujantes, mas o eixo dinâmico da economia volta-se para a área de serviços. As Big Techs – Google, Amazon, Apple Inc, Microssoft, Meta – assumiram a dianteira, impulsionadas por inovações que estão na ponta da revolução tecnológica. Alcançam uma velocidade e extensão jamais vistas. Apropriam-se de dados dos conumidores para promover negócios. Alinharam-se ao governo Trump e reproduzem sua miragem redentora. A primeira medida econômica do novo governo foi para estimular o desenvolvimento da IA e não para recuperar indústrias do “cinturão da ferrugem”, como prometeu em campanha.

A nova era de desenvolvimento do capitalismo, em que os Estados Unidos continuam o principal polo, está lastreada no processo de acumulação que concentra renda e aumenta as desigualdades. Cerca de 11% da população norte-americana – 40 milhões de pessoas – vivem na pobreza. Um modo de produção dessa natureza cria também instrumentos de dominação política e ideológica.

O ideário dessa nova era baseia-se na promessa de uma época de prosperidade, o sonho americano de volta, a oportunidade com base no mérito e não em medidas de combate à desigualdade,  como as políticas de cotas e de gênero; emprego e melhores condições de vida para todos; o ódio a imigrantes por ocuparem empregos dos trabalhadores americanos e trazerem a criminalidade ao país; a América forte e respeitada no mundo, os interesses do país em primeiro lugar. Esse foi o discurso reiterado em palanques da campanha eleitoral e reverberado nas redes sociais, chegando como alento aos ouvidos da massa de deserdados e desiludidos, oferecendo-lhes a certeza de que Trump é o escolhido para os redimir. Ao mesmo tempo, a narrativa cria uma cortina de névoa sobre a realidade.As primeiras medidas do novo presidente livraram as empresas que dominam as redes sociais de qualquer controle, para continuarem disseminando mentiras e manter a população na desinformação. E o faz “em defesa da liberdade”.

O  Estado foi capturado por bilionários. Foi o que afirmou Biden em seu discurso de despedida: “Hoje, está se formando uma oligarquia nos Estados Unidos, baseada em extrema riqueza, poder e influência, que realmente ameaça toda a nossa democracia, nossos direitos básicos, nossa liberdade e a oportunidade justa de todos progredirem”. Trump passou por cima de princípios republicanos e trouxe para o núcleo do seu governo um dos homens mais ricos do planeta – Elon Musk -, empresário com projetos em áreas governamentais estratégicas, como se não houvesse conflito de interesses.

É também o governo do retrocesso social e civilizatório. Como objeto de políticas do Estado, o novo presidente delimitou o gênero a apenas duas categorias, masculino e feminino. Desmantelou todas as políticas e agências voltadas para promover a diversidade e combater as desigualdades. Como parte da política isolacionista e negacionista, rompeu com o Acordo de Paris e deixou a OMS, Organização Mundial da Saúde, invocando disparidades financeiras e prioridades nacionais, a América primeiro! (America first).  Ao conceder perdão aos condenados pela invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, transformou criminosos em heróis e  vítimas, aviltando a Justiça.

Assinou no primeiro dia de mandato um volume impressionante de medidas, mostrando que cumprirá as promessas de campanha. Suspendeu a entrada de imigrantes ilegais na fronteira do México, área declarada de emergência nacional, fechando a porta para entrada de estrangeiros na condição de asilados. Uma ordem executiva eliminou o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais, ou com visto temporário, nascidos nos EUA. Ampliou o alcance da deportação acelerada. Revogou a proibição de prisão de imigrantes em hospitais, igrejas e escolas. Restringiu a entrada de imigrantes em situação de emergência.

O combate à imigração continua sendo uma das principais políticas de Estado, explorada como efeito-demonstração. No entanto, analistas avaliam que não há condições para uma deportação em massa.  Sem a mão de obra imigrante, setores importantes da economia entrariam em colapso.  Estados e municípios entraram na justiça para barrar algumas dessas medidas. No entanto, a disputa nos tibunais foi vencida por Trump que conseguiu da Suprema Corte parecer que limita a ação de juízes federais contrários à sua poítica imigratória. Nem todos ficarão calados, como a bispa Mariann Edgar Budde, de quem Trump teve que ouvir um comovente sermão em defesa dos imigrantes. A atriz Meryl Streep lembrou que se essas medidas estivessemm em vigor no passado teriam impedido sua carreira e a de dezenas de atores premiados, vivendo hoje nos Estados Unidos. Angela Davis reafirmou a importância de se continuar lutando em defesa das conquistas históricas no campo dos direitos civis.

Na economia, o novo presidente promete um conjunto de medidas que analistas avaliam como um tiro no pé. É o que aponta Chico Cavalcanti em artigo publicado no Brasil247 no dia 21/01: “Donald Trump assumiu seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos fazendo o que melhor sabe: chamar a atenção. Suas declarações, que coincidem com as propostas de sua campanha – incluindo congelamento de preços em supermercados, sobretaxação de produtos importados e a permanência de subsídios inicialmente considerados provisórios – produzem um misto de medo e incerteza e levantam sérias preocupações entre economistas sobre a viabilidade de sua implementação e as consequências dessas medidas para a economia americana.”

Segundo o analista, “as ideias de Trump,  remetem a práticas testadas e reprovadas na América Latina e resultaram em crises profundas; podem não apenas agravar a crise econômica nos Estados Unidos, mas também intensificar o descontentamento social e, paradoxalmente, fortalecer a China, inimiga declarada da direita mundial e maior produtora de bens do planeta atualmente”. E arremata: “Em um mundo cada vez mais conectado e multilateral, políticas que promovem o isolamento econômico e diplomático e anunciam o alinhamento com líderes extremistas como Giorgia Meloni, Viktor Orbán, Jarostaw Kaczynski e Tino Chrupalla, não indicam o caminho da prosperidade para os Estados Unidos, mas do gueto ideológico que tira um país do século XXI e o leva de volta aos anos 30 do século XX.”

Passados os cem dias de governo, Trump teve pouco a comemorar. Em meados de março, pesquisas apontaram que a maioria da população desaprovava o governo. Na pesquisa Atlasintel, 48% dos entrevistados avaliaram como terrível a gestão econômica, índice que bateu os 54% na pesquisa realizada pela NBC News. No final de abril, quando o governo completou cem dias, pesquisa do Pew Research Center apontou que a aprovação do governo caíra 7 pontos percentuais, atingindo 40%; o governo era visto como caótico por 66% dos entrevistados, como assustador por 59% e como animador por 42%. O PIB dos Estados Unidos teve queda de 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre. A confiança do consumidor chegou a patamares mais baixos em cinco anos, de acordo com a Reuters, e o sentimento empresarial despencou. Os principais índices de Wall Street registraram queda, em meio ao aumento das preocupações sobre o impacto econômico das políticas tarifárias adotadas.

Depois de um processo de vai e volta em relação à guerra tarifária, ora ampliando e ora reduzindo tarifas, Trump optou por uma linha mais pragmática de negociação, estabelecendo uma janela de 90 dias para acordos. O primeiro resultado anunciado foi com o Reino Unido, depois de trinta dias de negociação e apontado como “histórico” pelo premiê britânico, Keir Starmer. A União Europeia  está em negociação com Washington sobre seu próprio acordo comercial, que substituirá as tarifas gerais de 20% sobre a maioria dos seus produtos e as tarifas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis (Reuters, 12/05).

A negociação mais aguardada, no entanto, foi com a China, realizada na Suíça. As partes concordaram em reduzir as tarifas sobre produtos um do outro por 90 dias, alterando o curso da escalada tarifária. Ambos os lados cortarão as tarifas em 115%, a partir do dia 14/05. As tarifas americanas sobre importações chinesas cairão para 30% (haviam sido elevadas para 145%), enquanto as tarifas chinesas sobre produtos americanos cairão de 125% para 10%.

Durante o período de turbulência, os chineses retaliaram em igual medida, buscaram alternativas para escoar a produção para o mercado norte-americano, utilizando países do Sudeste Asiático como rota. Ampliaram parcerias para substituir a importação de commodities dos Estados Unidos e diversificaram relações, sinalizando a possibilidade de investimento em outros países. Em outras palavras, a China aproveitou a crise para ampliar relações comerciais e sua influência internacional.

O Banco Central resistiu às investidas de Trump para reduzir juros e continua apostando no combate à inflação. Uma possível redução da taxa de juros poderá ocorrer em meados do segundo semestre, numa perspectiva de redução da taxa de crescimento agora para viabilizar a retomada um pouco mais à frente. A estimativa é de fechar o ano com o crescimento de 1%, um pouco mais promissor se for considerado o cenário que até há pouco tempo sinalizava recessão.

Na avaliação dos 100 dias de governo Trump, analistas apontaram resultados em outras áreas, para além da economia. O presidente vem governando através de ordens executivas. Algumas são apenas declarações de intenção, outras são contraditórias entre si, enquanto várias medidas esbarram-se na legislação. O combate à imigração foi o tema que mais avançou. Usando métodos arbitrários, ilegais e truculentos, conseguiu reduzir a entrada de imigrantes para apenas 8.346 em fevereiro e 7.181 em março. A Suprema Corte rejeitou o pedido de Trump para congelar a ajuda externa. Trump não conseguiu reduzir o custo da energia, que prometeu cortar pela metade. Não conseguiu encerrar as guerras em Gaza e na Ucrânia. 

No alardeado combate à burocracia, através do Departamento de Eficiência Governamental, os resultados ficaram muito aquém das metas. Trump e Musk conseguiram impactar a burocracia, demitindo dezenas de milhares de funcionários. No entanto, economias significativas ainda não se concretizaram. Trump assinou ordens executivas para favorecer a produção de petróleo, gás natural e carvão. Abandonou o Acordo de Paris, saiu da OMS e esvaziou a OMC em sua campanha contra a defesa do clima, o livre comércio e o multilateralismo.

Durante a campanha eleitoral, ameaçou combater o antissemitismo nos campi universitários, enfrentar programas de diversidade, equidade e inclusão, e expulsar estudantes estrangeiros considerados hostis aos valores americanos. Após várias universidades sinalizarem disposição para cumprir as exigências de Trump, a Universidade de Harvard resistiu à pressão e trava uma disputa jurídica contra a administração federal. O que está em jogo, para além de recursos financeiros, é a liberdade e a autonomia das universidades.

A rejeição do governo pela maioria da população, como indicam as pesquisas, deu origem às manifestações que ficaram conhecidas pela palavra de ordem “Hands off”.  Apesar de terem sido expressivas, não levaram à formação de um movimento organizado de contestação. No vai e vem de sua política tarifária, Trump falou diretamente com Xi Jinping. A conversa se limitou a assuntos entre os dois países. Trataram de questões do último acordo firmado em Genebra de redução de tarifas além de outros temas, segundo declaração do presidente chinês, que afirmou: “é preciso corrigir o curso da relação sino-americana”

O presidente americano afirmou nas redes sociais que Xi Jinping  é “muito duro para negociar”. Certamente, devia estar  se referindo ao esforço para evitar que os chineses intensifiquem a venda de títulos do tesouro americano em busca de portos mais seguros para suas aplicações e que o exemplo seja seguido por outros países. A debandada de capital já está em curso, a maior em 20 anos. O governo teve reveses na Justiça. Foi suspensa a medida que proibia a deportação de estudantes estrangeiros em Harvard, garantindo que os alunos pudessem concluir o semestre e receber o diploma.  A ação do judiciário irrita membros do governo que se julgam imunes por seus atos e acima da lei, como é próprio de regimes autoritários. O vice-presidente JD Vance questionou: “Quem são esses juízes para nos julgar, nós que fomos eleitos?”

A saída de Elon Musk do governo teve desdobramentos, numa escalada de agressões recíprocas. Trump começou dizendo que estava decepcionado com o ex-colaborador e terminou com ameaças de encerrar contratos com suas empresas.  “A melhor forma de cortar gastos é encerrar contratos de Musk”, afirmou. O ex-colaborador declarou que seu apoio havia sido decisivo na vitória eleitoral do republicano. Dobrou a aposta, mencionando que Trump estava nos arquivos do Epstein, referindo-se aos arquivos mantidos em segredo sobre o escândalo de exploração sexual de menores, décadas atrás, envolvendo personagens da elite internacional. Um vídeo chegou a viralizar nas redes, mostrando a participação de Trump numa dessas “festinhas”, apontando uma garota ao amigo – “aquela é fogosa” – e apalpando, em seguida, o corpo de uma jovem. As agressões verbais encobrem interesses divergentes. Musk não mostrou o resultado esperado à frente do departamento criado para reduzir o assombroso déficit fiscal, vinha tendo perdas significativas na Tesla, criticara a guerra tarifária e as isenções fiscais concedidas a empresas e milionários.

O envio de tropas da Guarda Nacional para “libertar Los Angeles” colocou a política anti-imigratória de Trump noutro patamar. Protestos aconteciam contra a ação do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE, em inglês) que vinha detendo imigrantes. O envio de tropas federais e a imposição de toque de recolher foram considerados inconstitucionais. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, não os solicitara e nem tinha motivo para fazê-lo: as manifestações eram majoritariamente pacíficas e os raros atos violentos poderiam ser facilmente controlados com as forças policiais locais. A tensão entre os dois aumentou, Trump ameaçou prender o governador e ainda ordenou o deslocamento para Los Angeles de 700 fuzileiros navais estacionados em Twentynine Palms, no deserto californiano. O senador democrata Alex Padilla foi retirado à força de uma entrevista coletiva com a Secretária de Segurança Interna de Trump, derrubado no chão e algemado.

Diante da proliferação de protestos contra o recrudescimento da ação contra imigrantes, literalmente “caçados” em casa, nas igrejas e nos locais de trabalho, o recado de Trump foi claro: não admite contestação, não respeitará marcos legais, usará a força para impor sua vontade, divulgará uma versão mentirosa dos fatos, prenderá manifestantes e autoridades que não se submeterem. Impor essa linha à California, estado mais rico do país e bastião de resistência dos democratas, fazer da façanha um trunfo – eles não tiveram competência para livrar o estado da ação de criminosos – era fundamental na escalada autoritária de Trump.

Havia também motivos imediatos em toda esta encenação. O ocupante da Casa Branca procurou passar para sua base a imagem de durão no trato com adversários e manifestantes contrários às suas políticas. Segundo analista, “o foco no ‘caos’ nas ruas, no entanto, é uma tática de distração. A verdadeira prioridade do governo seria aprovar um projeto de lei, em andamento no Congresso, que favorece os muito ricos, prejudicando severamente a classe trabalhadora, sem assumir o custo político diante da opinião pública.” (Luis Pellegrini, Brasil247, 14/06)

Nem tudo se desenrolou como desejado por Trump. A justiça deu parecer favorável ao governador da Califórnia, assegurando-lhe o controle da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais deslocados para Los Angeles. O  governador Gavin Newsom questionou a intervenção, ao proferir o discurso resgatando os valores e princípios que levaram à fundação da democracia americana em oposição e confronto com a tirania do então soberano inglês. Desafiou Trump a agir como chefe de Estado e não como mandatário que se julga acima da lei e da Constituição. “Não temos reis”, afirmou. O discurso galvanizou a nação e deu origem aos protestos de rua no dia 14 de junho, mobilizados pela palavra de ordem: “No kings” (Não temos rei, em tradução literal).

Segundo os organizadores, o protesto teve como objetivo “rejeitar o autoritarismo, o supremacismo branco e os ataques sistemáticos aos direitos civis promovidos por setores da extrema direita”. O movimento também criticou políticas migratórias restritivas, cortes em programas sociais e a repressão a movimentos populares.

A parada militar, organizada por Trump em Washington para comemorar os 250 anos do exército norte-americano e também seu aniversário, no mesm dia, sábado (14), não teve a participação e o impacto esperados. Ocorreu sob o eco das manifestações de rua no resto do país e terminou melancolicamente debaixo de chuva.

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