Os atos de massa ocorridos em todo o país em 21 de setembro foram decisivos nesse processo. Superaram a expectativa dos seus próprios organizadores, indicando a retomada das ruas e praças pelos movimentos populares, organizações sindicais e estudantis, militância dos partidos de esquerda.
A retomada do protagonismo das massas populares teve um impacto imediato ao levar o Senado a arquivar o PL da blindagem e forçar a entrada na pauta e aprovação por unanimidade na Câmara dos Deputados do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e com taxação dos mais ricos. É a mais clara demonstração de que massas nas ruas exercem real pressão sobre um parlamento de maioria reacionária.
A relação de exploração da força de trabalho pelo capital é a questão central da luta de classes e é por sua natureza polarizadora. Neste momento, ela desdobra-se na mobilização pela redução da jornada do trabalho sem redução de salário, pelo fim da escala 6/1, pelo fortalecimento da negociação coletiva e da organização sindical e pelo fim do trabalho precário.
A luta de classes passa também, e essencialmente, pela disputa em torno de questões onde interesses da classe trabalhadora estão em jogo, como a proposta de reforma administrativa reivindicada pelo mercado como medida para se alcançar o equilíbrio fiscal. Passa pelo nosso questionamento ao arcabouço fiscal (teto de gastos) e pela demanda de um novo arranjo que equilibre responsabilidade fiscal com responsabilidade social e viabilize o investimento em políticas públicas, em ciência e tecnologia e em infraestrutura.
Passa pela luta contra a desigualdade e a extrema concentração de renda existente no país e nos leva a disputar a política tributária com propostas concretas: taxação progressiva da renda, taxação de dividendos dos lucros, imposto para super-ricos, tributação de heranças, fim de isenções fiscais para empresas, cobrança das dívidas das empresas com a União.
A luta de classes passa igualmente pelos conflitos de interesse envolvendo a política monetária, particularmente a exorbitante taxa de juros que favorece os setores rentistas da sociedade, promove a transferência de renda do trabalho para o capital financeiro, limita o investimento e cerceia o próprio desenvolvimento.
Passa ainda pela valorização do serviço público e da agricultura familiar, por mais investimentos em saúde, educação e segurança, pela a transição justa rumo a uma economia de baixo carbono e pela regulação das redes sociais.
Apesar de representantes do Supremo terem afirmado que não cabe anistia, indulto ou perdão aos golpistas, a extrema-direita e setores da direita ainda buscam uma forma para favorecer o ex-presidente Bolsonaro e os golpistas condenados com redução de penas. Trata-se de um golpe contra a decisão do Supremo e uma agressão à democracia, encobertos pelo falso discurso em prol do apaziguamento político.
O próximo ano de 2026 será de eleições legislativas, para governadores e presidente. Além da reeleição do presidente Lula, o desafio é alterar a composição do Congresso, hoje dominado por representantes de partidos reacionários. Se as eleições presidenciais ocorressem agora, Lula venceria todos os candidatos em qualquer simulação, de acordo com as pesquisas mais recentes. No entanto, este quadro pode se alterar a partir da pressão desestabilizadora externa, vinda do governo Trump, dos resultados apresentados pelo governo, especialmente na economia, e da movimentação das forças políticas que disputam o poder no próximo ano.
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