Maria Madalena, não a dos evangelhos canónicos, mas a de Jesus, por ser filha de António de Jesus e de Maria Cândida Fortes de Jesus. Parida entre a latitude aproximada de 15 a 17 graus ao norte do Equador, mais precisamente na ilha de Santo Antão, Cabo Verde, foi lançada ao mundo inúmeras vezes e muitas décadas atrás por força da profissão do pai.
Do elemento Fogo e modalidade cardinal, Maria Madalena de Jesus, filha, mulher, esposa, mãe, extrovertida, alegre, curiosa, decidida, corajosa e voluntariosa, teve assim a possibilidade de sugar e absorver conhecimento dos quatro cantos da Terra, de todos os locais de interesse e de desinteresse. Caso o acesso a outros planetas fosse possível, Maria Madalena de Jesus, uma mulher com fogo nas ventas como diriam muitos, teria ido explorá-los sem pestanejar.
Na sua intensa jornada em busca pelo conhecimento, Maria Madalena de Jesus tomou consciência de uma verdade absoluta: de todas as inúmeras e variadas coisas que aprendeu, só uma não era novidade!
Maria Madalena de Jesus não sabe se irá ficar magra caquética, gorda viçosa, gostosa ou desgostosa, se vai entortar o pé ou não! Não sabe qual a data em que irá morrer e como irá morrer, se morrerá sozinha ou acompanhada e se for acompanhada com quem será.
Não sabe se terá net@s, bisnet@s, trinet@s e todos os outr@s net@s, nem sabe que género serão e se serão binári@s ou não-binári@s.
Não sabe se Elon Musk vai conseguir criar uma colónia em Marte ou se a IA vai robotizar os humanos.
Não sabe se os madeireiros, os garimpeiros, os industriais do gado e dos biocombustíveis, os políticos desonestos e corruptos, vão conseguir concretizar o seu sonho de desmatar a Amazónia.
Não sabe se a extrema-direita vai governar o mundo muito proximamente.
Não sabe se a Geração Z, imersa na sua tecnologia, vai poder controlar a IA ou se é a IA que vai controlar a Geração Z.
Não sabe quando Cabo Verde será independente, embora tenha ouvido falar que tal já aconteceu nos idos anos de 1975. Diz que está a aguardar evidências concretas dessa independência.
Maria Madalena de Jesus perplexa com tanta coisa que não sabe, sente o peso da ignorância e desconhecimento a moer a sua coluna, mas está contente porque a única coisa que sabe, ninguém pode questionar, um axioma nas palavras dela: ela sabe que um dia Maria Madalena de Jesus vai morrer.
Fez assim desse axioma a sua bengala e carrega-a para todo o lado: para a cama, casa de banho, cozinha, sala, corredor, quintal, restaurante, café, trabalho, cabeleireiro, manicure e pedicure, salão de festa, jardins e parques, etc.
O axioma tornou-se o amigo inseparável de Maria Madalena de Jesus e com ele intensificou ainda mais a sua forma de estar na vida.
– A vida é só uma e não sabemos quando ela acaba, repetia sempre. Prometo a mim mesma ser sempre útil, a única forma de dar sentido a este estado de existência tão prazerosa que se chama vida.
E, assim, Maria Madalena de Jesus decidiu que queria colaborar com o jornal Voz do Archipelago encostada a esta Coluna para não cair, tentando partilhar a sua visão daquilo que aprendeu andando pelos quatro cantos do mundo.
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