O cantor, compositor e ativista luso-cabo-verdiano Dino D’Santiago apresentou hoje, 6, em Lisboa, o seu livro de estreia “Cicatrizes”. Editado pela Arena, a obra reúne cerca de 50 textos escritos ao longo de noites de insónia marcadas pela paternidade e por um intenso processo de autoconhecimento, marcando um novo capítulo na trajetória de Dino D’Santiago, conhecido pela sua música que funde sonoridades cabo-verdianas com ritmos contemporâneos.
Em publicação nas redes sociais, o artista partilhou uma reflexão sobre o significado do livro: “O meu corpo tem cicatrizes, mas eu não sou essas cicatrizes. Elas são apenas vestígios da travessia, marcas que denunciam que houve queda, que houve dor, mas também que houve permanência”. A seguir, acrescenta: “As feridas transformaram-se em linguagem. E a chegada, enfim, foi boa”. O prefácio é assinado pela prestigiada escritora Lídia Jorge, que descreve a obra como “o desfile de muitos seres, todos aqueles que entram na barca do afeto do Dino, e que ele transforma em pares do seu próprio destino”.
“Cicatrizes” surge como um testemunho íntimo de resiliência, identidade e reconstrução, temas que atravessam tanto a música como o ativismo do autor em defesa das comunidades afrodescendentes. Na sinopse da obra lê-se que esta “não resulta de uma produção linear, nem nasceu da intenção de se tornar livro, mas germinou de forma orgânica, num processo de escrita e de autoconhecimento que se foi alimentando mutuamente”. Escrever, afirma Dino D’Santiago, “foi pedir licença à ancestralidade, voltar às memórias do passado, olhar para o presente e esperançar o futuro”.
Natural de Faro e filho de pais cabo-verdianos, Claudino de Jesus Borges Pereira, nome próprio de Dino D’Santiago, nasceu em 1982. Desde cedo envolveu-se nos movimentos de música urbana global, fundindo soul, hip-hop, batuku e funaná. Em nome próprio lançou os álbuns Eu e os Meus (2008), Kriola (2020) e Mundu Novu (2023), consolidando-se como uma das vozes mais influentes da diáspora cabo-verdiana. Com “Cicatrizes”, o artista expande agora o seu percurso artístico para a literatura, transformando vivências pessoais em narrativa escrita e reafirmando-se, nas suas próprias palavras, como “autor e leitor da sua própria história”.
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